Terceirizados dominarão mercado de trabalho em cinco anos, acredita especialista da USP

A liberação da terceirização de todas as atividades de uma empresa, decidida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em 30 de agosto, fará com que esta modalidade de contratação domine o mercado de trabalho brasileiro. A avaliação é do sociólogo do trabalho e professor da USP (Universidade de São Paulo), Ruy Braga.

Para ele, a tendência é que a terceirização mude a estrutura do mercado de trabalho brasileiro, avançando não apenas no setor privado, mas também na maior parte dos serviços públicos. Em entrevista à Agência Brasil, o sociólogo estimou que a proporção entre trabalho diretamente contratado e terceirizado, que hoje é de 75% e 25%, deve se inverter em cerca de 5 anos.

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“Nós prevemos uma alteração da estrutura do mercado de trabalho no país com substituição progressiva, porém certeira, de trabalho diretamente contratado por trabalho terceirizado”, destacou. Ele estima que a proporção entre trabalho diretamente contratado e terceirizado, que hoje é de 75% e 25%, deve se inverter em cerca de 5 anos.

Braga ainda destacou que as experiências internacionais revelam que o trabalho terceirizado é pior remunerado, propenso a jornadas mais longas e ao afastamento de direitos ou benefícios, como férias e décimo terceiro salário. “Por enquanto estamos falando do subemprego como informalidade, mas logo teremos o aumento do subemprego como trabalho terceirizado e precário.”

Estudo divulgado em 2014 pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontou que os trabalhadores terceirizados, que somavam cerca de 12,7 milhões de indivíduos (6,8%) do mercado de trabalho em 2013, recebiam, em dezembro daquele ano, 24,7% a menos do que os que tinham contratos diretos com as empresas, além de terem jornada semanal de três horas a mais e estarem mais suscetíveis a acidentes de trabalho.