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O associado da AMATRA1 contou que sempre teve o desejo de ajudar as pessoas do estado em que sua mãe nasceu e, pesquisando sobre as comunidades de Alagoas, conheceu o Povoado de Mendes. “O lugar não estava nem no mapa da cidade. Na minha segunda visita, me perdi porque não tinha sinalização. Coloquei uma placa para não errar o caminho nas próximas vezes”, disse o magistrado.
Derly Mauro disse ter enfrentado a desconfiança das pessoas do local no início da execução do projeto. “Eles não acreditavam em alguém com vontade de ajudar sem receber nada em troca porque muitos políticos já tinham ido lá, mas não cumpriram as promessas. Só foram acreditar mesmo quando o primeiro caminhão pipa chegou.” Além da ajuda imediata com a água de caminhões pipa durante a construção do poço, o juiz também forneceu roupas e cestas básicas às famílias.
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Ao descrever como funcionava o abastecimento de água da região antes da chegada do projeto, iniciado em fevereiro deste ano, Derly explicou as dificuldades enfrentadas pelos quilombolas. “A água chegava às casas por meio de caminhão pipa, carro de boi ou em motos que levavam galões. Cada caminhão pipa custa R$ 450. O galão levado pelas motos custa R$ 25, mas não dá para fazer quase nada com aquela quantidade de água”, contou.
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Foram três tentativas até a equipe contratada pelo juiz conseguir encontrar água suficiente para a população local, e cada tentativa custou, aproximadamente, R$ 5.500. “Infelizmente, algumas pessoas lucram com a seca”, destacou. O último poço, perfurado com 124 metros de profundidade, fica a cerca de um quilômetro de distância do Povoado de Mendes e, por isso, foram necessários novos gastos com caixa d’água e encanamento.
“Existe uma bomba d’água para puxar a água do poço e levar até a caixa d’água, e depois mais uma bomba para levar da caixa até as casas. Foi necessário um quilômetro de tubos e canos”, explicou.
Para o magistrado, a água encanada é o primeiro passo do Projeto Aquarius, criado para mudar a qualidade de vida e o futuro das pessoas da região. Mas ele pretende ir além. “Meu objetivo é que eles possam plantar e não só viver da própria plantação, como também conseguir vender os próprios produtos. Quero ajudar a implantar saneamento básico, fazer um campinho para as crianças, construir uma horta, comprar cabras para eles terem leite e galinhas para terem os ovos. A alimentação deles é palma com farinha. Isso me chocou.”
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A criação de uma ONG também faz parte dos planos de Derly. “Quero reunir meus amigos. Talvez receber alguma ajuda do governo ou de empresas. Meu desejo é conclamar a quem tiver interesse em ajudar outras pessoas, tanto nesse projeto quanto em outros. A consequência de fazer alguém feliz é se sentir feliz também”, finalizou o juiz.