02 de agosto de 2021 . 13:31

Carnaval como patrimônio cultural do Rio será tema de live na segunda (9)

É inegável o papel do Carnaval para a formação da identidade cultural do povo brasileiro, especialmente dos cariocas e fluminenses. A live “Carnaval, patrimônio cultural do RJ: arte e cultura” resgata também a importância histórica, social e econômica da festa, na próxima segunda-feira (9). O carnavalesco e comentarista Milton Cunha e a porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis Selminha Sorriso são os convidados do evento promovido pelo Centro Cultural do TRT-1, em parceria com a AMATRA1 e a Associação de Passistas Ciro do Agogô. A 2ª vice-presidente da AMATRA1, Adriana Leandro, a diretora do Centro Cultural, Ana Maria Moraes, e o desembargador Mário Sérgio Medeiros vão participar do encontro. A transmissão será pelo canal da AMATRA1 no YouTube e no Facebook, a partir das 18h30.

“Dois grandes ícones do Carnaval vão poder mostrar a importância cultural, histórica e artística da festa, principalmente para o Rio, e falar sobre como a cultura em torno da festa é muito mais do que uma hora de desfile. Há um resgate do contorno histórico do enredo, da preparação minuciosa do samba que envolve muito estudo, em diversas esferas, o artesanato, a história, a literatura, as simbologias, os instrumentos, a orquestra, a sua regência, emoções”, afirma Adriana.

Mestre, doutor e pós-doutor pela UFRJ, Milton Cunha ressalta que o Carnaval é fruto da inteligência negra. “Claro que tínhamos um carnaval chique e rico, com os corsos e as grandes sociedades, mas a negritude produzia coisas como os cucumbis, que eram os blocos de negros e, depois, viraram o núcleo de escola de samba que desfilava na Praça Onze, da década de 1920 a 1930.”

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Segundo o especialista, a maior festa popular do país, por meio das escolas de samba, e o próprio samba “são recriações de laços de afeto pela negritude”. “É impressionante como o Rio de Janeiro conseguiu definir um estilo tanto musicalmente quanto no jeito de viver e de enfrentar a vida. A alegria e a tristeza do samba, do desfile e do carnaval em si são uma forma de visão do mundo que acaba sendo sinônimo do Brasil no mundo”, destaca.

Responsável por carregar o pavilhão da Beija-Flor de Nilópolis nos desfiles da Marquês de Sapucaí por cerca de 25 anos, Selminha Sorriso atua há 15 anos como orientadora educacional voluntária. Em mais de três décadas ligada às escolas de samba, ela vê, na prática, a transformação pessoal que os grêmios recreativos proporcionam, e enfatiza que o trabalho está muito além do que é apresentado nos 700 metros do Sambódromo.

“As escolas têm papel social, cultural e pedagógico para as famílias envolvidas. Existe a função social de parceria, muitas vezes voluntária. Se o poder público olhar para as escolas como aliadas, teremos resultados magníficos porque as escolas se inserem e estão atuando no dia a dia onde o estado demora um pouco a chegar”, diz. Selminha destaca ainda que as milhares de pessoas envolvidas em todas as etapas da produção têm suas rendas derivadas da festa, que promove a “economia criativa”.

“É um fator extraordinário de geração de renda e empregos - cenógrafos, carnavalescos,  costureiros, alegoristas. É preciso acabar com o preconceito em torno do Carnaval e entender que é arte, cultura e patrimônio histórico do nosso país”, completa Adriana Leandro.

A porta-bandeira se orgulha de ser fruto do samba e de poder exercer, por meio da Beija-Flor, um relevante papel social para muitas famílias - “o de transformar vidas e de dar oportunidades pela arte”. “Diminuímos a desigualdade oferecendo para as crianças uma noção igualitária, de certo e errado, hierarquia, disciplina, convívio social, relação interpessoal, de entender sobre empatia. É uma ferramenta maravilhosa para o contexto social. Enquanto tiver uma criança que se encante pelo samba, seja de forma hereditária ou espontânea, o samba está vivo”, pontua Selminha.

Para Milton Cunha, o carnaval é uma válvula de escape para a sociedade. “É a festa da colheita. Desde que o homem é homem, as sociedades dançam, cantam, batucam. O Carnaval é uma forma de sair das casas e ir para a praça pública dançar, cantar, se encontrar, namorar, ironizar a classe política e os líderes. É uma forma de o povo dizer: ‘Eu existo’”, finalizou.



Live: Carnaval, patrimônio cultural do RJ: arte e cultura
Data: segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Horário: 18h30
Local: canal da AMATRA1 no YouTube e no Facebook

*Foto: Divulgação/Liesa < VOLTAR