28 de maio de 2020 . 14:05

Desemprego cresce e atinge 12,8 milhões de brasileiros

Reflexo da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, o desemprego já atinge 12,8 milhões de pessoas no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira (28) pelo IBGE, a taxa de desocupação chegou a 12,6% no trimestre encerrado em abril. A população ocupada no país teve queda recorde de 5,2% em 3 meses e encolheu para um total de 89,2 milhões. O número representa perda de 4,9 milhões de postos de trabalho. 

De acordo com a analista da pesquisa Adriana Beringuy, trabalhadores com e sem carteira assinada foram impactados pela crise no mercado de trabalho. A pesquisadora afirmou que, dos 4,9 milhões de pessoas a menos na ocupação, 3,7 milhões eram informais - entre eles, profissionais sem carteira assinada, sem CNPJ (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).

“O emprego com carteira assinada no setor privado teve uma queda recorde também. A gente chega em abril com o menor contingente de pessoas com carteira assinada, que é de 32,2 milhões”, disse.

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Em relação ao período anterior (novembro a janeiro), a taxa de desocupação (12,6%) teve alta de 1,3 ponto percentual. O crescimento representa 898 mil pessoas a mais procurando por trabalho.

A taxa de informalidade foi de 38,8% da população ocupada, representando 34,6 milhões de trabalhadores informais. O valor é o menor da série, iniciada em 2016. No trimestre anterior, a taxa havia sido 40,7%, e no mesmo trimestre de 2019, 40,9%.

A taxa de subutilização marcou 25,6%, representa 28,7 milhões de brasileiros. Ambos os números são recordes para a série histórica. A taxa de subutilização havia sido de 23,2% no trimestre anterior e de 24,9% no mesmo trimestre de 2019.

Fazem parte da subutilização pessoas desocupadas (não trabalham, mas procuraram trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa); pessoas que gostariam de estar trabalhando mais horas por dia; e pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa, ou procuraram mas não estavam disponíveis para trabalhar no momento do estudo.

Serviços domésticos foram afetados

Sete dos dez grupamentos de atividades analisados pelo estudo foram atingidos, entre eles o comércio, com 1,2 milhão de pessoas a menos; a construção, com 885 mil a menos; e os serviços doméstico, com 727 mil de trabalhadores a menos.  

Adriana Beringuy destacou que a queda nos serviços domésticos - a maior desde o início da série, em 2012 -, pode estar relacionada às medidas para evitar a propagação do novo coronavírus. “Várias famílias podem ter dispensados os seus trabalhadores domésticos em função dessa questão do isolamento. É uma queda bastante acentuada”, afirmou.

A massa de rendimento real também sofreu maior retração da série histórica, recuando 3,3%. Segundo Adriana, a queda significa que “em um trimestre a massa de rendimento teve uma retração de R$ 7,3 bilhões”.

No entanto, o rendimento real alcançou R$ 2.425, subindo 2% se comparado ao trimestre anterior e 2,5% em relação ao mesmo trimestre de 2019. 

“Esse aumento pode estar associado ao fato de que os trabalhadores informais, que ganham menos, foram o grupo que mais saiu da ocupação. Os que ficaram foram trabalhadores que relativamente têm salários maiores. Agora temos uma situação de menos trabalhadores informais e o rendimento médio acaba sendo calculado em cima de quem permaneceu no mercado de trabalho”, explicou a pesquisadora.

*Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil < VOLTAR