12 de maio de 2020 . 16:43

No Dia Internacional da Enfermagem, país chora morte recorde de profissionais

Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, os profissionais de enfermagem desempenham um papel fundamental na pandemia e estão entre os mais vulneráveis à doença. Celebrado nesta terça-feira (12), o Dia Internacional da Enfermagem contou com homenagens feitas em diversas cidades do país. No Hospital Rocha Faria, em Campo Grande (RJ), os profissionais foram recebidos com aplausos. Mas dados mostram que, além de reconhecimento, os enfermeiros brasileiros precisam de proteção. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o Brasil tem um total de 108 óbitos de profissionais da área por Covid-19. O Rio de Janeiro lidera o ranking por estado, com 29 mortes. Já são mais de 14 mil enfermeiros infectados em todo país.



Disponibilizados no Observatório do Cofen, os números apontam para taxas alarmantes de contaminação da categoria. Os Estados Unidos, que tem o maior número de vítimas pela pandemia - mais de 80 mil -, perdeu 46 profissionais de enfermagem até a última quarta-feira (6), segundo entidades de classe. A Itália, que registra mais de 30 mil mortes, tinha perdido, também até a última semana, 35 profissionais de enfermagem para a doença, como informado pela Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni Infermieristiche. Já a Espanha, com mais de 25 mil mortos, teve apenas quatro óbitos de trabalhadores da classe, segundo o Consejo General de Enfermería.

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“O que se observa é uma incidência muito maior de casos de Covid-19 nos profissionais de enfermagem brasileiros, e também um índice de óbitos mais elevado do que nos outros países. Inclusive de países que já passaram pelo pico da pandemia”, disse o presidente da Cofen, Manoel Carlos Neri da Silva, ao jornal Bom Dia Brasil, na edição desta terça-feira (12). 

Neri também apontou, em entrevista ao jornal El País, que um dos fatores que explicam a alta mortalidade dos profissionais da área é a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação (retirada da máscara, luvas e avental).”

Diante do cenário “de horror”, descrito pelo médico Raphael Câmara, conselheiro do Conselho Federal de Medicina e do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro); a Justiça do Trabalho vem se empenhando para garantir mais proteção aos profissionais de saúde. As decisões determinam que empresas cumpram medidas específicas, como a entrega de EPIs e a realocação de empregados pertencentes ao grupo de risco. O juiz Michael Pinheiro McCloghrie, em exercício na 69ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, determinou a garantia de medidas de segurança necessárias durante a pandemia aos trabalhadores do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. 

Em março, a juíza Patricia Lampert Gomes, em exercício na 49ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, concedeu liminar para que empresas integrantes da rede pública de saúde do estado do Rio de Janeiro oferecessem equipamentos de segurança como álcool-gel, gorro, óculos de proteção e máscara, aos profissionais representados pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro.

A campanha organizada pela AMATRA1 em parceria com a AMAERJ (Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro), Ajuferjes (Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo) e IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) arrecadou R$ 96 mil para aquisição de material hospitalar para a rede pública de saúde  para a compra de alimentos e produtos de higiene pessoal para famílias em vulnerabilidade social.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil < VOLTAR