08 de junho de 2020 . 17:26
Trocas culturais enriquecem todos, mostra live de Helen Peixoto e Cabral
As trocas culturais entre os personagens franceses e espanhóis do filme “As Mulheres do Sexto Andar” foram debatidas pela juíza do Trabalho e diretora da AMATRA1 Helen Peixoto e pelo professor de Filosofia da UERJ Alexandre Cabral, em live no Instagram (@amatra1), nesta sexta-feira (5). Retratado em Paris na década de 60, o longa mostra a história de um casal conservador que tem suas vidas mudadas por empregadas domésticas espanholas.
“Ao mesmo tempo em que o filme trata da opressão, também fala da espontaneidade das espanholas. Essa característica é ensinada aos franceses, que também as ensinam a prosperar materialmente. O filme traz a união de culturas diferentes se aproximando e aprendendo uma com a outra para o melhor”, afirmou a magistrada.
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O professor ressaltou que as relações de hierarquia entre os personagem criam um canal de diálogo entre eles. Ele destacou que o filme mostra a desconstrução das percepções sobre “quem está acima ou abaixo, quem é digno ou indigno” e a possibilidade da comunicação entre culturas heterogêneas. “Eles se enriquecem com as diferenças, que são vistas como potencialização das culturas implicadas”, completou o professor.
Para Alexandre Cabral, a sociedade mantém um discurso de tolerância ou, no máximo, respeito com as diferenças. Por isso, apontou que a real beleza da obra está na “possibilidade de ser ‘vira-lata’, que é feito de mescla, do contato com o outro”.
“É uma interpretação muito imoral achar que a mescla produz menos; no filme, a mescla produz mais, o enriquecimento. A grandeza do filme é a produção do ‘viralatismo’, no melhor sentido possível.”
A opressão presente na obra também foi discutida por Helen e Cabral. “Muitas vezes temos a ideia de que o opressor está sempre feliz e se dando muito bem. Mas, no filme, vemos que a vida dele e daquela família francesa é uma pobreza”, apontou a juíza.
Citando “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, Cabral explicou que “no sistema de opressão não há figuras de liberdade que sejam possíveis, porque o opressor também é oprimido porque ele reduz o ser ao ter e, por isso, ele se empobrece. O opressor, ao reduzir o ser ao ter, só tem relação de posse e, portanto, relações de possibilidade de acúmulo. Reduz a qualidade relacional das relações à quantidade das relações de posse. É uma vida de quantificação continuada. Por isso, a vida daquele burguês francês é uma vida de pobreza. O lugar do opressor é ser oprimido pela lógica da posse”.
Veja a live na íntegra:
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“Ao mesmo tempo em que o filme trata da opressão, também fala da espontaneidade das espanholas. Essa característica é ensinada aos franceses, que também as ensinam a prosperar materialmente. O filme traz a união de culturas diferentes se aproximando e aprendendo uma com a outra para o melhor”, afirmou a magistrada.
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Para Alexandre Cabral, a sociedade mantém um discurso de tolerância ou, no máximo, respeito com as diferenças. Por isso, apontou que a real beleza da obra está na “possibilidade de ser ‘vira-lata’, que é feito de mescla, do contato com o outro”.
“É uma interpretação muito imoral achar que a mescla produz menos; no filme, a mescla produz mais, o enriquecimento. A grandeza do filme é a produção do ‘viralatismo’, no melhor sentido possível.”
A opressão presente na obra também foi discutida por Helen e Cabral. “Muitas vezes temos a ideia de que o opressor está sempre feliz e se dando muito bem. Mas, no filme, vemos que a vida dele e daquela família francesa é uma pobreza”, apontou a juíza.
Citando “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, Cabral explicou que “no sistema de opressão não há figuras de liberdade que sejam possíveis, porque o opressor também é oprimido porque ele reduz o ser ao ter e, por isso, ele se empobrece. O opressor, ao reduzir o ser ao ter, só tem relação de posse e, portanto, relações de possibilidade de acúmulo. Reduz a qualidade relacional das relações à quantidade das relações de posse. É uma vida de quantificação continuada. Por isso, a vida daquele burguês francês é uma vida de pobreza. O lugar do opressor é ser oprimido pela lógica da posse”.
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