01 de junho de 2020 . 16:34
Em live da AMATRA1, Sayonara e Renda falam da precarização do trabalho
A precariedade das condições de trabalho exibida no documentário a “Indústria Americana” foi debatida pelos magistrados Sayonara Grillo e João Renda na live no Instagram da AMATRA1, na sexta-feira (29). Vencedor do Oscar de melhor documentário em 2020, a obra retrata as diferenças culturais no ambiente de trabalho entre empregados chineses e norte-americanos na empresa Fuyao.
“É o sonho americano em desencanto. Temos a crise do american way of life mas, mais do que isso, é perceptível que, na briga entre capital chinês e capital americano, quem perde são os trabalhadores. Tem-se um contexto de precarização das condições de trabalho — remuneração salarial, em contraste com os lucros dessa grande empresa; de condições de saúde e segurança do trabalho; na negativa do diálogo social; na afirmação do poder patronal; na intensificação da fadiga do trabalho; entre outros”, afirmou a desembargadora.
Renda relembrou que os antigos trabalhadores da General Motors, anteriormente localizada onde a empresa privada chinesa é instalada, percebem a queda das condições trabalhistas ao serem empregados na chinesa Fuyao. “Muitos trabalhadores de chão de fábrica que são retratados no documentário já haviam trabalhado para a GM, em que tinham melhores condições de trabalho e recebiam cerca de 24 dólares/hora, e passaram a receber aproximadamente 12 dólares/hora na companhia asiática. O filme mostra bem o conflito entre capital e trabalho”, destacou.
Leia mais: Na Folha, magistrados defendem rejeição de ‘aventuras antidemocráticas’
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A Justiça do Trabalho não para: magistrados relatam rotina na pandemia
A tentativa de sindicalização dos empregados da Fuyao foi outro aspecto discutido no vídeo. “O documentário mostra a campanha de organização sindical dos trabalhadores através de uma célula local do sindicato dos trabalhadores na indústria automobilística e também as condutas antissindicais, como espionagem para observar os trabalhadores que simpatizam com o sindicato, dispensa de maneira retaliatória e ameaças”, disse João Renda.
Sayonara ressaltou que, apesar de os trabalhadores expressarem a vontade de sindicalização dentro das próprias fábricas, o poder do empregador e o conjunto de condutas para coibir a prática é muito marcada na obra.
“Tem-se a vigilância, o chefe controlando e transferindo trabalhadores militantes, intensificando a carga de trabalho para buscar a expulsão, dispensas de trabalho e outras inúmeras práticas antissindicais. Porém, todas com a ‘aparência’ da legalidade”, afirmou.
A pedidos de Sayonara, Renda, que morou em Massachusetts, apontou diferenças entre os processos de sindicalização no Brasil e nos Estados Unidos.
“De certa forma, o financiamento sindical se tornou, no Brasil, mais dificultoso para os sindicatos do que na maioria dos estados norte-americanos, inclusive a Califórnia, que tem o PIB mais elevado do país e legislação trabalhista bastante protetiva e minúcias. Estados com leis trabalhistas mais protetivas têm índices socioeconômicos mais elevados. O mito que temos ouvido de que é preciso que haja menos direitos para mais empregos não há correlação, e acho que os EUA e sua experiência interna são exemplos disso.”
Durante a live, a desembargadora Sayonara Grillo indicou obras brasileiras relacionadas ao tema aos mais de 100 espectadores que acompanharam a live, entre eles juízes e desembargadores de diferentes TRTs. “Eles Não Usam Black-tie”, “Que Horas Ela Volta?”, “Cabra Marcado Para Morrer” e “Linha de Montagem” foram algumas produções sugeridas pela magistrada.
Próxima live da AMATRA1 será nesta sexta-feira (5)
Nesta sexta-feira (5), a juíza e diretora da AMATRA1 Helen Peixoto e o professor de filosofia da UERJ Alexandre Cabral vão debater o filme “As Mulheres do 6º andar”. Ambientado na cidade de Paris, na década de 60, o longa conta a história de um um casal conservador que tem suas vidas mudadas por empregadas domésticas espanholas. A transmissão da live será pelo perfil da associação no Instagram (@amatra1). Não perca!
O filme “As Mulheres do 6º andar” está disponível no Looke. Clique aqui para acessar. < VOLTAR
“É o sonho americano em desencanto. Temos a crise do american way of life mas, mais do que isso, é perceptível que, na briga entre capital chinês e capital americano, quem perde são os trabalhadores. Tem-se um contexto de precarização das condições de trabalho — remuneração salarial, em contraste com os lucros dessa grande empresa; de condições de saúde e segurança do trabalho; na negativa do diálogo social; na afirmação do poder patronal; na intensificação da fadiga do trabalho; entre outros”, afirmou a desembargadora.
Renda relembrou que os antigos trabalhadores da General Motors, anteriormente localizada onde a empresa privada chinesa é instalada, percebem a queda das condições trabalhistas ao serem empregados na chinesa Fuyao. “Muitos trabalhadores de chão de fábrica que são retratados no documentário já haviam trabalhado para a GM, em que tinham melhores condições de trabalho e recebiam cerca de 24 dólares/hora, e passaram a receber aproximadamente 12 dólares/hora na companhia asiática. O filme mostra bem o conflito entre capital e trabalho”, destacou.
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Sayonara ressaltou que, apesar de os trabalhadores expressarem a vontade de sindicalização dentro das próprias fábricas, o poder do empregador e o conjunto de condutas para coibir a prática é muito marcada na obra.
“Tem-se a vigilância, o chefe controlando e transferindo trabalhadores militantes, intensificando a carga de trabalho para buscar a expulsão, dispensas de trabalho e outras inúmeras práticas antissindicais. Porém, todas com a ‘aparência’ da legalidade”, afirmou.
A pedidos de Sayonara, Renda, que morou em Massachusetts, apontou diferenças entre os processos de sindicalização no Brasil e nos Estados Unidos.
“De certa forma, o financiamento sindical se tornou, no Brasil, mais dificultoso para os sindicatos do que na maioria dos estados norte-americanos, inclusive a Califórnia, que tem o PIB mais elevado do país e legislação trabalhista bastante protetiva e minúcias. Estados com leis trabalhistas mais protetivas têm índices socioeconômicos mais elevados. O mito que temos ouvido de que é preciso que haja menos direitos para mais empregos não há correlação, e acho que os EUA e sua experiência interna são exemplos disso.”
Durante a live, a desembargadora Sayonara Grillo indicou obras brasileiras relacionadas ao tema aos mais de 100 espectadores que acompanharam a live, entre eles juízes e desembargadores de diferentes TRTs. “Eles Não Usam Black-tie”, “Que Horas Ela Volta?”, “Cabra Marcado Para Morrer” e “Linha de Montagem” foram algumas produções sugeridas pela magistrada.
Próxima live da AMATRA1 será nesta sexta-feira (5)
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