25 de maio de 2020 . 13:54

Em live, Glaucia e Vito abordam invisibilidade da mulher no trabalho

A juíza Glaucia Alves, diretora da AMATRA1, e o ator Márcio Vito estrearam as lives culturais da associação no Instagram, nesta sexta-feira (22), falando sobre o filme “A Vida Invisível”. A invisibilidade da mulher e a desigualdade de gênero no mercado de trabalho foram dois dos temas tratados pela dupla a partir da história do longa. Veja o vídeo na íntegra abaixo.

“No caso da magistratura do Trabalho, vivemos uma situação um pouco diferente, já que o número de homens e mulheres é equilibrado. Mas não é o que acontece em geral. Pode-se ter muitas mulheres mas, olhando os postos de comando, existe a invisibilidade porque, em relação aos homens, são poucas as que estão no comando. O mercado de trabalho é desigual e, muitas vezes, há a sobrecarga de trabalho para elas, que trabalham fora e em casa”, disse.

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A juíza destacou que as trabalhadoras ainda precisam enfrentar preconceitos sobre o que as mulheres podem ou não fazer e quais locais profissionais podem integrar. 

“Quando a mulher entra em um espaço que sempre pareceu destinado aos homens, dizem que a função não é para ela ou que não é capaz de ocupar. E quando se rompe esse processo, muitas vezes, é preciso enfrentar assédios. O patriarcado é muito dolorido e nos deixam marcas até hoje. No mercado de trabalho, vemos isso no dia a dia”, completou.

Para Márcio, “é uma pena quando se tem movimentos de mulheres contra as conquistas femininas e de homens que perpetuam essa situação, independentemente de ter um discurso mais desconstruído. Devemos aprender com os erros dos outros e tentar não errar”.

Mulheres e homens são invisibilizados no filme

Segundo o artista, “A Vida Invisível” fala sobre todos os personagens do filme,e inclui os trabalhadores que atuam para construir a obra. “O cinema é feito de vidas invisíveis, de muita gente que trabalha por trás da produção.” Márcio ressaltou que a invisibilidade também está presente quando o trabalhador não é notado ao usar uniforme e exercer determinadas funções.

“A Escola Judicial do TRT-1 tem um projeto sobre o tema. Vários colegas juízes trabalharam em outras profissões, como garis e jardineiros. O projeto é fantástico, fala sobre invisibilidade e alteridade”, relembrou Glaucia.

A juíza retomou parte do texto do personagem de Márcio Vito, Osvaldo, em que ele se dirige ao marido de Eurídice para garantir que ela poderia engravidar. “É como se ela fosse importante para procriar e cumprir o papel designado”, avaliou. Para o ator, papéis sociais têm sido reforçados de geração para geração. 

“Somos contemporâneos de muitos mundos e podemos criar, nos pequenos ciclos sociais, referências de séculos passados e do futuro. Acessamos tempos diferentes. Todo passado pode estar no presente, e precisamos querer romper com ele. Mas acontece de não rompermos.”

A magistrada afirmou que, na trama, não só a mulher, mas também o homem teria um papel invisível. “Na história, seria o marido da Eurídice, vivido pelo Gregório Duvivier. É como se ele estivesse apenas cumprindo o que estava predestinado. Faz o que todos esperariam dele e não quebra a sequência”, disse.

“Tenho pensado também em como o homem, mesmo exercendo a opressão e mantendo o patriarcado, também é oprimido. Vai ser bacana o homem entender que a mudança feminina também diz respeito a uma liberdade que ele pode pleitear”, completou Vito.

Próxima live da AMATRA1 será nesta sexta-feira (29)

Nesta sexta-feira (29), às 17h, os magistrados Sayonara Grillo Coutinho e João Renda Leal Fernandes vão conversar sobre o documentário  “Indústria Americana” (“American Factory”, no título original), vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2020. A transmissão da live será pelo perfil da associação no Instagram - @amatra1. Não perca!

Veja a live da AMATRA1 sobre o filme “A Vida Invisível”:
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