07 de dezembro de 2020 . 15:02

Emoções abordadas em ‘Divertida Mente’ são tema da última live cultural de 2020

Equilibrar alegria, tristeza, raiva e tantas outras emoções é um desafio, principalmente em momentos de mudança. Esta foi uma das questões debatidas na live sobre a animação “Divertida Mente”, na sexta-feira (4). A psicóloga e psicanalista Marcia Spada e os palhaços da Cia. Sapato Velho, Anneli Olljum e Dio Jaime Vianna, participaram do evento, mediado pela juíza aposentada Cléa Couto, ex-presidente da associação. A última live cultural do ano contou ainda com depoimentos gravados de crianças e adolescentes sobre o filme e sobre a pandemia. A conversa foi transmitida no canal da AMATRA1 no YouTube e no Facebook.

“O filme aborda nossas emoções e as consequentes reações”, disse Cléa Couto. Produzida pela Pixar Animation Studios e lançada pela Walt Disney Pictures, a história é ambientada na mente de Riley, uma menina de 11 anos que passa por transformações quando sua família se muda de Minnesota para São Francisco. Na sala de controle de seu cérebro, os sentimentos “Alegria”, “Tristeza”, “Nojinho”, “Medo” e “Raiva” trabalham juntos. Mas, após uma confusão, “Alegria” e “Tristeza” são expelidas do local e as demais emoções não conseguem manter a normalidade, fazendo com que Riley fique instável.

“O filme transcorre trazendo pontos muito interessantes. Em um primeiro momento, mostra atitudes positivas diante de uma situação. O ponto principal é sobre como não podemos ignorar ou mascarar as emoções”, afirmou Anneli.

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O fato de os personagens serem as próprias emoções foi o que mais chamou atenção de Marcia. A psicóloga e psicanalista destacou que a harmonia entre alegria e tristeza é fundamental para se viver a realidade e não “no mundo de faz de conta”.

“As emoções são muito carregadas de uma mudança de vida. O filme mostra muito bem que, quando a menina passa por uma mudança muito significativa, todas as emoções são necessárias. Precisamos de todas, em uma dose equilibrada. Porque, como vemos no filme, só alegria não consegue dar conta, e nem só a tristeza. Se a pessoa é só alegria, pode entrar em euforia e não vai ter reflexão, pensamentos. Então, a alegria vem junto da tristeza. Pode-se predominar a alegria, mas as duas precisam estar juntas” afirmou.

Acompanhando de perto o tratamento do filho caçula, de 5 anos, diagnosticado com leucemia aguda em março de 2019, Márcia afirmou que já havia passado pelas mudanças do isolamento social, agora experimentado por grande parte da população mundial devido à pandemia da Covid-19. “Já tínhamos vivido essa mudança dramática, esse corte violento, e os sentimentos foram muito importantes.”

Trabalho dos palhaços nos hospitais

Dio Jaime Vianna percebeu pontos similares entre a obra e o trabalho que fazem como palhaços em hospitais. “A relação da alegria com a tristeza foi um ponto-chave no filme. Claro que há a importância dos outros sentimentos, mas a ambiguidade da alegria com a tristeza foi o grande ponto-chave”, disse. 

“Principalmente porque é o que acessamos muito com nosso trabalho da palhaçaria hospitalar, a questão da tristeza e de respiros dentro de uma tristeza”, completou Anneli.

Na função de levar descontração ao dia a dia dos hospitais, Dio Jaime e Anneli usam as referências individuais das crianças para perceberem a melhor forma de iniciar o contato e construir uma relação de confiança.

“Como dupla, entramos com muita delicadeza e trabalhamos com a energia que volta para a gente. Se chego colorido, com nariz de palhaço e a criança não tem nenhuma referência daquilo, ela vai para o colo da mãe. Então, vou, aos poucos, ganhando a confiança para poder entrar. Se tenho uma resposta da criança, uso aquela energia e tento trazer o universo lúdico, a brincadeira. O que não quer dizer que seja alegre. Se a criança está me dando tristeza, tento transformar aquela tristeza com as ferramentas que temos, das técnicas de palhaçaria”, explicou o artista.

A psicóloga Marcia também falou da importância do trabalho dos palhaços para as crianças internadas nas unidades médicas. “Os palhaços não entram em clima de ‘oba oba’. Eles percebem o momento certo e como está a criança para interagir, levar a alegria possível, que cabe. Com a pandemia, é muito triste não poder ter esse trabalho nos hospitais.”

Retrospectiva das lives culturais

A live foi marcada por uma retrospectiva das lives culturais e uma homenagem aos envolvidos na execução dos debates. Com a primeira transmissão ao vivo em 22 de maio, o projeto da Diretoria Cultural da AMATRA1 foi iniciado durante a pandemia da Covid-19, em que o distanciamento social é fundamental para frear a propagação da doença. As lives culturais buscaram gerar, a partir dos filmes escolhidos, reflexões sobre diversos temas, como trabalho, amor, preconceito, gênero, racismo, luto e felicidade.

Ao todo, o projeto contou com 27 transmissões ao vivo, inicialmente no Instagram da AMATRA1 e, posteriormente, no YouTube e no Facebook da associação. Obras de comédia, drama, ficção científica, terror e suspense, entre outros, foram o ponto de partida para os debates entre convidados qualificados, de um lado, e a audiência - composta por juízes de diversas regiões do Brasil, servidores, advogados, professores e alunos -, de outro.

A última live cultural teve, ainda, a participação de crianças e adolescentes falando suas percepções a respeito da pandemia do novo coronavírus, sobre os pontos positivos de 2020 e, também, sobre o que acharam do filme “Divertida Mente”.

Veja a live na íntegra:
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