10 de julho de 2020 . 14:50

Estado mínimo caminha para Estado ausente, alerta René Mendes em live

A retomada do trabalho em diversos setores do país durante a pandemia vem trazendo inseguranças sanitárias. Este foi um dos temas do debate promovido pela AMATRA1 em parceria com o DIHS, da Fiocruz, nesta quinta-feira (9). Marília Santini de Oliveira, professora e médica infectologista da Fiocruz, e René Mendes, especialista em Saúde Pública e Medicina do Trabalho, foram os debatedores. A transmissão contou ainda com depoimentos de Maria Helena Barros, advogada pesquisadora do DIHS, e Luiz Carlos Fadel, médico e pesquisador do DIHS. O juiz do Trabalho André Villela mediou o encontro on-line. A transmissão completa está disponível no canal da AMATRA1 no YouTube

“A crise não é ‘só’ sanitária. É econômica e social. E o trabalho pode ser visto sob várias faces e está por trás da história da disseminação da pandemia. Ou em viagens a trabalho, ou por pessoas que vão se locomover de uma parte a outra, sejam motoristas ou trabalhadores que se deslocam”, destacou Mendes. 

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O especialista alertou que a desigualdade social é refletida na exposição ao vírus e na incidência, gravidade e letalidade da Covid-19. “Faltam políticas públicas no sentido de proteção às pessoas. O Estado mínimo caminha para o Estado ausente, e isso está no coração das explicações da pandemia”, pontuou. 

Neste momento, empregadores precisam repensar a própria estrutura de empresas para evitar aglomerações de trabalhadores durante o período de produção. A  orientação vale para os mais diferentes locais laborais, seja em frigoríficos ou em prédios comerciais com ar condicionado, conforme observou Villela. “O homem tem que reavaliar que tipo de ambiente que ele quer estar e ir além da ideia ‘que tipo de mundo quero deixar para meu filho ou para meu neto’. É preciso pensar em ‘que mundo vou conseguir viver?’ Porque nem nós estamos conseguindo viver no que vínhamos fazendo.” 

Um dos maiores desafios que infectologistas vêm enfrentando é saber definir o momento preciso quando componentes do coronavírus ainda estão vivos, com capacidade de infectar outras pessoas, ou não. “Se a questão é a contaminação por gotícula, portanto sem o uso da máscara, o seguro é estar a dois metros da outra pessoa. Se for contaminação por gotículas muito pequenas, as chamadas aerossóis, é preciso ficar a uma distância entre três e quatro metros. O que é importantíssimo para redefinir os fluxos de trabalhos presenciais”, classificou Marília. 

A infectologista apresentou tipos de testes em uso, e observou a importância e as dificuldades da realização do procedimento, destacando desafios para a interpretação dos sintomas da Covid-19. “A carga viral tem grande diferença, não no organismo, mas nas secreções respiratórias. Os três dias antes do início dos sintomas são os mais graves, porque você já está expelindo o vírus, mas não tem como saber.” 

O mundo do trabalho pressupõe muitos problemas e discussões para encontrar o melhor caminho a seguir, observou Maria Helena. “A judicialização da saúde tende a aumentar daqui para frente. Então, nós da saúde e vocês do poder Judiciário precisamos nos abraçar para o desenvolvimento de um país melhor”, completou Fadel sobre a construção do chamado “novo normal”. 

 

Assista a transmissão na íntegra:

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