25 de agosto de 2020 . 14:21

Pandemia impactou a saúde mental de magistrados e servidores, diz pesquisa

A pandemia do novo coronavírus tem afetado negativamente a saúde mental de magistrados e servidores do Judiciário brasileiro. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com 46.788 magistrados e servidores, divulgada nesta segunda-feira (24), no 3º Seminário Nacional sobre a Saúde dos Magistrados e Servidores do Poder Judiciário. O resultado reforça o alerta da OMS para o agravamento de casos de ansiedade e depressão em razão da crise sanitária.

Segundo a pesquisa “Saúde Mental de magistrados e servidores no contexto da pandemia da COVID-19”, 48% dos participantes declararam se sentir mais cansados do que antes da quarentena, 42% sofreram piora no humor e 48% tiveram alteração na rotina do sono.

Cerca de 50% dos participantes destacaram o medo como o sentimento mais presente no período. Desânimo (35,5%), tristeza e/ou melancolia (26,6%), raiva e/ou irritação (24,4%), desconexão e/ou isolamento (19,9%) e pensamentos negativos (16,9%) também figuraram como sentimentos frequentes. No entanto, magistrados e servidores também declararam sentir gratidão (33,2%), vontade de ajudar (32,5%) e esperança (30%), evidenciando uma mescla da percepção de sentimentos positivos e negativos.

O estudo também mostrou que o trabalho é a atividade que toma maior tempo para 95,2% dos magistrados e servidores, seguida pela limpeza de casa, roupas, etc (61,9%), preparação das refeições (52,3%), compras (42,9%) e cuidado com filhos e/ou criança/s por quem são responsáveis (35,5%).

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O ministro Dias Toffoli, presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o cenário encontrado pela pesquisa foi provocado pelo número de judicialização de questões sobre a pandemia junto ao grande número de demanda judicial. “Eles tiveram que reforçar a usual dedicação ao trabalho e se adaptar rapidamente às novas ferramentas de trabalho à distância. Trata-se de uma soma de fatores que impacta na saúde mental”, disse Toffoli.

A coordenadora do Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Magistrados e Servidores, conselheira Flávia Pessoa, ressaltou que o levantamento é relevante para a elaboração de políticas locais. 

“Os resultados que encontramos reforçam a necessidade da conscientização de magistrados e servidores em relação à responsabilidade individual e coletiva para com a saúde e a manutenção de ambientes, processos e condições de trabalho saudáveis.”

O trabalho remoto integral está sendo praticado por 75% dos entrevistados; o trabalho remoto predominantemente, por 18%; e o trabalho presencial integralmente ou predominantemente, por 6%. 

Sobre as medidas que magistrados e servidores gostariam que fossem adotadas para a garantia da segurança na retomada do trabalho presencial, estão o fornecimento de equipamentos de segurança, como máscaras e álcool em gel (68%); manutenção do trabalho remoto para funcionários considerados de grupo de risco (77,6%) e para os que morarem com familiares ou pessoas a seus cuidados que são considerados grupo de risco (68,6%); fornecimento de testagem prévia a todos antes da retomada do trabalho presencial (70%); e, entre outros, o estabelecimento de rodízio entre servidores que trabalham no mesmo ambiente (69%). 

Clique aqui para ver a pesquisa na íntegra.

*Foto: Engin Akyurt/ Unsplash < VOLTAR