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“O trabalho infantil nada vai ofertar durante a infância, retirando todos os seus sonhos e esperança de um dia ser grande, pois é o que toda criança deve se tornar.” Foi com essa poesia que Catharinna Oliveira da Costa, aluna da Escola Municipal André Gomes, alertou sobre a prática do trabalho infantil, na última fase do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC). Nesta sexta-feira (22), os estudantes do colégio de Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, declamaram poemas criados por eles e apresentaram uma peça teatral com base no conteúdo da Cartilha do Trabalhador e nos assuntos debatidos no decorrer do projeto.

O presidente da AMATRA1, Flávio Alves, a coordenadora do Programa TJC no Rio de Janeiro, Benimar Medeiros, e a juíza Lívia Siciliano, diretora da associação, acompanharam o evento. A importância de conhecer os direitos, assim como os deveres, para poder exercê-los plenamente e transformar positivamente a sociedade foi reforçada por Flávio Alves. 

“O Direito do Trabalho está ligado à vida de todos. Todos trabalham ou vão trabalhar um dia, e vão poder vivenciar a luta que é o trabalho, a relação entre empregado e empregador. Os direitos foram alcançados com muita luta e é uma construção constante, por isso precisamos atuar para mantê-los”, afirmou o presidente da AMATRA1.

Flávio Alves ressaltou importância de as crianças conhecerem os próprios direitos, na última fase do TJC

Poesias e teatro marcaram apresentação final

Ao longo do ano, a escola organizou concursos de poesia e desenho, e as produções foram reunidas em uma apostila. Durante a culminância, os adolescentes apresentaram oito textos sobre os malefícios do trabalho precoce para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Também trataram do trabalho escravo e dos direitos garantidos, como acesso pleno à educação, ao lazer e à atenção integral da família e da sociedade, e destacaram: querem estudar, se divertir, evoluir, crescer e, só depois, trabalhar.

Na sequência, encenaram uma história fictícia, com narração da orientadora pedagógica Erica Delgado de Luna. A peça mostra a vida de Sara, uma aluna de 12 anos que ficou dois meses sem comparecer à escola para cuidar das irmãs mais novas e fazer serviços domésticos, enquanto os pais trabalhavam. 

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Assim como a professora, os colegas de classe sentem a falta da menina, se preocupam com o motivo da ausência e se organizam para comunicar ao Disque 100, canal de denúncias de violação de direitos humanos. Após a família ser comunicada, Sara deixa os trabalhos domésticos e volta para a escola. Juntos, os alunos encerram a peça com apelo: “Diga não ao trabalho infantil”.

Alunos da E.M. André Gomes apresentaram poesias e peça teatral com alertas sobre trabalho infantil

“Escolhemos esse tema e essa situação específica porque vemos acontecer com frequência em nossa comunidade”, explicou Erica, que também atuou na apresentação.

A coordenadora do TJC, juíza aposentada Benimar Medeiros, parabenizou todos os envolvidos não apenas pela culminância, mas pelo empenho com o Programa durante um ano. “Os organizadores e os professores são parceiros, mas trabalhamos voluntariamente para os alunos, que são os maiores destinatários do projeto. Toda a minha gratidão a esses estudantes, que se mostram poetas e artistas na apresentação da culminância. Confiamos muito no potencial de todos.”

Coordenadora do TJC, Benimar Medeiros afirmou que os alunos são os maiores destinatários do projeto

A iniciativa foi uma oportunidade de os adolescentes tomarem consciência de seus direitos, pontuou o diretor da Escola Municipal André Gomes, Evaldo Magalhães. “Estamos sempre abertos para o Programa TJC e todos os projetos que forem para o bem-estar dos nossos alunos. Sempre dizemos para os nossos alunos, que hoje se mostraram artistas, são capazes de tudo, basta terem oportunidades. Nossa função, enquanto escola, é mostrar isso a eles. Estamos preparando pessoas que pensam e questionam, sempre com educação”, afirmou.

Para a secretária municipal de Educação de Araruama, Luiza Cristina da Silva Vianna, é perceptível como a ação foi produtiva, agregando novos conhecimentos. “Temos muito prazer em participar do Programa TJC. Parabenizo a escola e também aos estudantes, que foram maravilhosos.”

Edição do Programa TJC aconteceu em meio à pandemia

Idealizado pela Anamatra e colocado em prática a partir de 2004, o Programa TJC busca levar noções de cidadania, ética e direitos básicos às escolas públicas do Brasil. Anualmente, é desenvolvido pelas Amatras em suas respectivas regiões.

Em razão da pandemia da Covid-19, esta edição precisou ser feita à distância, por meio de videoconferências, e com apenas duas escolas. Além da E.M. André Gomes, a E.M. Margarida Trindade de Deus, que teve a culminância na segunda-feira (18), participou. As unidades vão receber um certificado da AMATRA1 pelo comprometimento com o Programa TJC.

Em outubro de 2020, os professores passaram pela capacitação e, desde então, os estudantes tiveram contato com o conteúdo da Cartilha do Trabalhador nas aulas. Ao todo, 240 alunos foram contemplados pelo projeto nesta edição.

Nas etapas seguintes, assistiram palestras e puderam tirar dúvidas com as juízas do Trabalho Áurea Sampaio, ex-presidente da AMATRA1, e Anelisa Marcos de Medeiros, sobre temas como aprendizagem profissional e lendas do trabalho infantil. Fez parte da programação visitas virtuais às varas do Trabalho dos juízes Ronaldo Callado, Áurea Sampaio, Mônica Cardoso, Roberta Carvalho e Anelisa Medeiros.

Clique aqui para ver a apostila com os desenhos criados pelos alunos da E.M André Gomes.

Leia as poesias na íntegra

Trabalho infantil

Para que tenhamos dias melhores,
é bom no futuro pensar,
o mundo será dos pequenos
e neles o futuro está.
Não devemos cortar seus direitos
de correr, de brincar, estudar.

O trabalho infantil nada vai ofertar
durante a infância,
retirando todos os seus sonhos e esperança
de um dia ser grande, pois é o que toda criança
deve se tornar.

Desenvolvendo ideias e conceitos
que o próprio futuro irá lhe proporcionar!

Catharinna Oliveira da Costa – 802
1º Lugar no concurso de Poesia

Trabalho Infantil

Não é permitido
É apenas indevido
O trabalho infantil não pode ser mantido
mas pode haver criança por aí,
nesse mundo perdido
com um trabalho rígido

Criança deve estudar
Socializar
Começar a se formar
Para só mais pra frente trabalhar

Muitas vezes não parece haver solução
para a criança que passa fome ter uma refeição
se não trabalhar e ter uma função

Mas é um problema que precisa ser eliminado
Alguém por aí pode ser ajudado
ou pode ter seu futuro acabado
#Não ao trabalho Infantil

Ludmila Reis Monteiro – 900
2º Lugar no concurso de Poesia 

Crianças devem ter infância

Crianças sonham que
podem ter superpoderes,
com fadas, unicórnios e varinhas de condão

Já crianças que trabalham e sofrem de exploração
sonham com escola, amigos, amor e diversão
as crianças que trabalham acham
que isso não vai passar de imaginação.

No Brasil, é lei, crianças não devem trabalhar.
Tanto nas ruas vendendo bala
Tanto numa casa limpando o chão

Nem numa plantação,
pois seu lugar é onde pode brincar
e sua infância não atrapalhar

Crianças precisam cantar, desenhar,
brincar, ter uma família e ser feliz
Não de trabalhar até cansar
E cuidar do seu próprio nariz.

Tharcyla de Souza Gorni Oliveira – 901
3º Lugar no concurso de Poesia

Sentimentos

A sociedade finge não ligar, a criança chora, sozinha
Sem amor, com saudade dos pais, sofrendo desde pequenininha
Vivendo apenas pro trabalho, o trabalho escravo
Que destrói, que acaba com sua vida, destrói seus sonhos
Em suas pequenas mãos se encontram marcas
Marcas que deveriam ser de grafite, infelizmente, são de ferimentos
Pelo menos eles ligam para seus sentimentos?
A resposta infelizmente é clara
Eles apenas querem que a criança faça um trabalho excelente
Não ligam, infelizmente, se ela está ou não contente

Mariana Araújo - 901

Criança e Trabalho

Não ao trabalho infantil!
Ele ameaça vidas jovens em evolução.
Mais poluente que as brasas de um vulcão.
Quero crianças vendo que nada sumiu.

Devem estar nas escolas, nas suas casas.
Cedo para trabalharem, mesmo não sendo de graça.

Devem crescer e se aprimorar.
Correr atrás de sonhos sem parar.

Tarefas pesadas não lhes cabe.
Apenas a diversão é a chave.
Que elas se alegrem com sorrisos
E jamais, tão logo, com serviços.

Quero crianças vendo o bem que surgiu.
E tenham bons futuros em mãos.
Sem se arrepender e aproveitar a diversão.
Não ao trabalho infantil!

Pedro Lucas - 901

Direito das crianças

Toda criança tem que brincar
Ser livre e estudar
Nenhuma criança tem que ter fome
Muito menos trabalhar
Muitas crianças não tem onde dormir
Por isso trabalham e não são felizes
Algumas crianças trabalham para comer
Outras trabalham para viver
Mas isso tem que parar
Nenhuma criança tem que ser exposta a trabalhar
Todas têm que ser livres, brincar e estudar

Mylenna Alves - 900

CRIANÇAS COM DIREITOS

Toda as pessoas têm seus direitos.
E com as crianças não será diferente
Crianças têm seus direitos de brincar,
estudar pra ter um trabalho dos sonhos
e um trabalho digno.
Mais infelizmente não é assim para todas,
umas são obrigadas a trabalhar!
CRIANÇAS TÊM DIREITOS SIM!
CRIANÇAS TÊM SENTIMENTOS SIM!
CRIANÇAS TÊM DORES SIM!
CRIANÇAS TÊM SONHOS SIM!

Hanna Melissa Silva Matos - 901

Todas crianças têm direitos

Às vezes, nós não percebemos,
mas muitas crianças trabalham,
por que passam necessidades
então não têm escolhas
e são forçadas a trabalhar.

Elas geralmente trabalham
em sinais de trânsito
em frente de estacionamentos
e outros lugares
há uns anos atrás,
víamos mais que hoje em dia,
mas hoje ainda vimos
essas crianças trabalhando.

Nas regiões mais isoladas
também tem muitas crianças
que são forçadas a trabalhar
contra a sua vontade e, às vezes,
não recebem nada em troca
nem dinheiro
nem comida
apenas água
e ainda não têm direito de estudar e brincar
porque são obrigadas a somente trabalhar.
Isso é muito triste,
pois são crianças que não têm direitos.

Yara Coelho Andrade – 901 < VOLTAR