Conferência abre os trabalhos do I Fórum de Gestão Judiciária

“Apesar de ser um evento institucional, o mais importante deste fórum é recuperarmos a união da magistratura da 1ª Região. É lembrarmos que somos pessoas, que somos colegas”. Com essas palavras, o presidente da Amatra1, André Villela, iniciou seu discurso, no primeiro dia do “Fórum de Gestão Judiciária”, que acontece, até sexta-feira (25/11), no TRT/RJ.

 

Convicto de que tudo o que for discutido no fórum será concretizado, ainda que ao longo dos próximos anos, Villela ressaltou que “estamos aqui para discutir a relação entre nós mesmos. Entre juízes titulares e substitutos, entre magistrados da capital e do interior, entre 1º e 2º graus, entre ativos e aposentados. Sem dúvida, é um momento político importante para o Rio de Janeiro que, se não repensar e reformular sua Justiça trabalhista, continuará em 24º lugar no ranking dos tribunais do Trabalho”.

 

Para um auditório lotado, agradeceu a todos que compareceram e lamentou que muitos não tenham dado importância ao evento que, segundo ele, será uma oportunidade para um diálogo profundo a respeito do Tribunal ideal para a 1ª Região.

 

“Eu quero colocar a Justiça do Trabalho da 1ª Região na frente deste País, como já foi. E isso deve ser incutido na cabeça de todos. Os exemplos de outros Tribunais devem ser analisados e utilizados para o crescimento, mas não para uma simples cobrança, porque só pode haver cobrança na medida em que houver igualdade de condições. Sabemos que nosso tribunal tem problemas estruturais profundos e, exatamente por isso, é fundamental que participemos. Este é o momento de pensarmos que a Administração é de todos nós”, ressaltou o presidente da Amatra1.

 

A abertura do Fórum de Gestão ficou a cargo da presidente do TRT/RJ, Maria de Lourdes Sallaberry, que destacou a expectativa para que as propostas apresentadas pelos magistrados tragam soluções para os problemas da Justiça trabalhista na 1ª Região. De acordo com ela, foram encaminhadas 176 proposições, as quais serão discutidas até o término do evento, na próxima sexta-feira (25).

 

Lembrando que cerca de 8 mil processos estão deixando de ser julgados, ao longo da semana do Fórum, a desembargadora ressaltou que esta suspensão trará benefícios se os resultados obtidos forem positivos. “Não adianta fazer o fórum e as proposições não se concretizarem. Faremos o possível para implementá-las e queremos todos imbuídos do desejo de que teremos ganhos significativos”, disse Sallaberry.

 

A presidente do TRT/RJ apontou também para a importância da participação dos juízes de 1º grau na Administração do Tribunal. “Vamos criar mecanismos para que isso aconteça”, afirmou. Em outro momento, falou sobre a possibilidade de uniformização dos procedimentos, uma vez que “rotinas processuais facilitam a vida do juiz e também do jurisdicionado, além de simplificar o processo”, disse ela.

 

Novas funções na magistratura

 

Justificando que o Fórum foi criado para integrar os magistrados na tomada de decisões que concerne à gestão do Tribunal, o desembargador Alexandre Teixeira de Freitas, diretor da Escola Judicial do TRT/RJ, afirmou que o sucesso do evento só será possível com a participação efetiva dos magistrados e com o comprometimento da Administração daquela Corte.

 

“Este evento é democrático e significa um grande avanço do Tribunal, ao abrir espaço para o debate. Aqui, vamos fazer a extração de necessidades comuns para, depois, implementar o que for possível”, salientou o magistrado.

 

Citando Rui Barbosa, em seu discurso intitulado Oração dos Moços, em que cita as características de um bom juiz, Teixeira de Freitas apontou para o novo papel que os juízes estão exercendo, sendo chamados para além da distribuição da Justiça, tendo que assumir funções administrativas.

 

“Á época do discurso do Rui Barbosa, o bom juiz era aquele que vinha com suas pautas em dia. Hoje, exige-se mais do que jurisdição. Temos que gerir as Varas e estar, constantemente, buscando o aperfeiçoamento no que diz respeito à utilização das ferramentas tecnológicas”, disse ele, ao reafirmar o quanto o encontro se faz fundamental para a melhoria da prestação jurisdicional.

 

Durante a tarde de segunda-feira (21), primeiro dia do evento, os magistrados se reuniram para iniciar as discussões acerca das propostas apresentadas.