08 de setembro de 2020 . 14:20
Live da AMATRA1 aborda impactos psicológicos causados pela pandemia
As medidas de prevenção ao novo coronavírus, como o uso de máscara e a higienização das mãos, têm alterado a rotina de muitas pessoas. Os impactos psicológicos dessas mudanças foram tratadas na live cultural da AMATRA1 sobre o filme “Toc Toc”, na sexta-feira (4). Com mediação da 2ª vice-presidente da associação, Adriana Leandro, a conversa contou com a participação da diretora Fernanda Stipp e da psicóloga clínica Cláudia Duarte. O evento foi transmitido no canal da AMATRA1 no YouTube e no Facebook.
A produção espanhola mostra a convivência de seis pacientes com diferentes expressões do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), em um consultório psiquiátrico. A juíza Adriana afirmou que a obra trata o tema com leveza. “Adorei o filme e, além da leveza, também vejo certa delicadeza, porque permite que vejamos a questão do transtorno de forma empática.”
Cláudia explicou que os atos gerados pelo TOC são uma tentativa de se livrar, ainda que momentaneamente, de pensamentos perturbadores e que fazem muita pressão interna.
“Estamos falando de um pensamento obsessivo, ou seja, ele é invasivo, repetitivo e gera um ritual compulsivo na tentativa de regulação. O TOC é caracterizado por pensamentos e medos irracionais, repetição de pensamentos e ações. O pensamento se configura como sintoma e não é confrontado com a realidade; é tomado como uma realidade absoluta, ainda que pareça bizarra”, afirmou a psicóloga.
Leia mais: Trabalhadores da saúde relatam rotina na pandemia, em série do MPT e da OIT
Ação de associações doa uma tonelada de alimentos e produtos de higiene
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A magistrada Fernanda encontrou semelhanças entre o comportamento da personagem Blanca, que tem senso de limpeza exacerbado, e a sua própria rotina na pandemia, como nos momentos em que precisa sair de casa com os filhos e a preocupação com a higienização correta dos objetos.
“Depois de reassistir o filme, fiquei pensando em quantas pessoas não estão passando nesse momento por esse pensamento obsessivo, esse sofrimento todo, porque a pessoa sofre”, disse.
A psicóloga clínica destacou que as medidas que estão sendo exigidas para prevenção da doença, como o isolamento social e a correta assepsia, podem intensificar ou servir de gatilho para sintomas de quadros de ansiedade, medos, depressão e preocupações excessivas.
“Para quem tem sintomas disfuncionais, está havendo piora e intensificação de muitos quadros. Uma estimativa da Organização Mundial da Saúde diz que 30% da população exposta ao estresse da pandemia vai desenvolver, em algum momento, sintomas clínicos como os de TEPT (transtorno do estresse pós-traumático), depressão, ansiedade, TOC e lutos atípicos”, completou.
TOC, medo e ansiedade
As participantes também falaram sobre a relação entre TOC, medo e ansiedade. Segundo Adriana Leandro, é possível ver nos personagens do filme a existência de um forte sentimento de medo. “Percebemos que é um sofrimento muito grande.”
Para Fernanda, medo e TOC são ligados à ansiedade, já que a pessoa com o transtorno vive “no pensamento obsessivo do que pode acontecer”. “Quando estamos ansiosos, não estamos no presente, mas vivendo um futuro que ainda não chegou. É muito complicado e muito sofrido. Mas o medo não é sempre uma coisa ruim e pode ser muito positivo. Embora sentir medo não seja confortável, às vezes impulsiona.”
O medo é um orientador mas, em grau elevado, é extremamente paralisante, ressaltou Cláudia Duarte. “Quando falamos dos transtornos da ordem da ansiedade, falamos de um passado doloroso e de um futuro catastrófico, mas não do presente”, disse.
Veja a live na íntegra:
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A produção espanhola mostra a convivência de seis pacientes com diferentes expressões do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), em um consultório psiquiátrico. A juíza Adriana afirmou que a obra trata o tema com leveza. “Adorei o filme e, além da leveza, também vejo certa delicadeza, porque permite que vejamos a questão do transtorno de forma empática.”
Cláudia explicou que os atos gerados pelo TOC são uma tentativa de se livrar, ainda que momentaneamente, de pensamentos perturbadores e que fazem muita pressão interna.
“Estamos falando de um pensamento obsessivo, ou seja, ele é invasivo, repetitivo e gera um ritual compulsivo na tentativa de regulação. O TOC é caracterizado por pensamentos e medos irracionais, repetição de pensamentos e ações. O pensamento se configura como sintoma e não é confrontado com a realidade; é tomado como uma realidade absoluta, ainda que pareça bizarra”, afirmou a psicóloga.
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A magistrada Fernanda encontrou semelhanças entre o comportamento da personagem Blanca, que tem senso de limpeza exacerbado, e a sua própria rotina na pandemia, como nos momentos em que precisa sair de casa com os filhos e a preocupação com a higienização correta dos objetos.
“Depois de reassistir o filme, fiquei pensando em quantas pessoas não estão passando nesse momento por esse pensamento obsessivo, esse sofrimento todo, porque a pessoa sofre”, disse.
A psicóloga clínica destacou que as medidas que estão sendo exigidas para prevenção da doença, como o isolamento social e a correta assepsia, podem intensificar ou servir de gatilho para sintomas de quadros de ansiedade, medos, depressão e preocupações excessivas.
“Para quem tem sintomas disfuncionais, está havendo piora e intensificação de muitos quadros. Uma estimativa da Organização Mundial da Saúde diz que 30% da população exposta ao estresse da pandemia vai desenvolver, em algum momento, sintomas clínicos como os de TEPT (transtorno do estresse pós-traumático), depressão, ansiedade, TOC e lutos atípicos”, completou.
TOC, medo e ansiedade
As participantes também falaram sobre a relação entre TOC, medo e ansiedade. Segundo Adriana Leandro, é possível ver nos personagens do filme a existência de um forte sentimento de medo. “Percebemos que é um sofrimento muito grande.”
Para Fernanda, medo e TOC são ligados à ansiedade, já que a pessoa com o transtorno vive “no pensamento obsessivo do que pode acontecer”. “Quando estamos ansiosos, não estamos no presente, mas vivendo um futuro que ainda não chegou. É muito complicado e muito sofrido. Mas o medo não é sempre uma coisa ruim e pode ser muito positivo. Embora sentir medo não seja confortável, às vezes impulsiona.”
O medo é um orientador mas, em grau elevado, é extremamente paralisante, ressaltou Cláudia Duarte. “Quando falamos dos transtornos da ordem da ansiedade, falamos de um passado doloroso e de um futuro catastrófico, mas não do presente”, disse.
Veja a live na íntegra:
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