10 de agosto de 2020 . 13:54

Luta sindical retratada no filme ‘Em Guerra’ é debatida em live da AMATRA1

A luta dos trabalhadores no filme “Em Guerra” para manter seus empregos frente à possibilidade de demissão e a atuação sindical foram temas abordados pelo juiz Marcos Dias e pelo advogado Ivan Garcia na live cultural da AMATRA1. A mediação do encontro, transmitido no YouTube e no Facebook na sexta-feira (7), foi feita pela magistrada Ana Larissa Caraciki.

Na produção francesa, o protagonista Laurent Amédéo (Vincent Lindon) lidera um movimento operário contra o fechamento de uma das unidades da empresa, que resultaria na demissão de 1.100 trabalhadores. Mesmo após firmar um acordo com seus empregados de estabilidade no emprego por cinco anos e ter grandes lucros, a administração da companhia decide transferir a unidade para a Romênia. Os empregados se sentem traídos e tentam renegociar.

“Começamos a ficar exaustos junto com os trabalhadores nessa luta que travam, porque sempre parece que as pessoas os escutam, mas não têm uma vontade real de ajudá-los”, disse a mediadora Ana Larissa.

Ivan Garcia destacou que o filme decorre junto à trajetória das ações do sindicato no processo de negociação, com a implementação de uma greve e conversas com empresários, governo e Judiciário. E que o sentido de “guerra” é evidenciado pela posição do protagonista, que tem embates contra o capital e também com membros de sua classe.

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“A própria configuração sindical e a disputa entre sindicatos nas assembleias mostra que ele está em 'guerra' com muitos trabalhadores, com outras visões e com as divergências que existem no próprio movimento dos trabalhadores”, disse Garcia.

Segundo Marcos Dias, Laurent luta também com o fato de tentar reunir pessoas que parecem já não ter mais um sentido de classe. “O capital expõe muitas fraturas objetivas e subjetivas em todas as classes operárias. Percebemos que há um esgarçamento que exige o repensar do que seria o sentimento de pertencimento a uma classe.”

"O filme mostra que a luta sindical só pode fazer sentido se não for local", pontuou Garcia. O advogado ressalta que, na obra, os trabalhadores conseguem impressionar o CEO da empresa quando mobilizam também os empregados de outra unidade.

“A luta se expande, deixando de ser pontual em uma unidade que briga pelo não fechamento. Conseguem angariar solidariedade de uma outra unidade produtiva. Essa solidariedade e a consciência de classe são o que realmente atemoriza o capital. Não é possível e não tem sentido uma luta sindical no capitalismo organizado globalmente que não seja uma luta sindical global”, afirmou.

Para o magistrado Marcos Dias, a construção de um movimento sindical que tem a dimensão de um capitalismo globalizado exige um sindicalismo que pense para além de suas fronteiras corporativas.

Veja a live na íntegra:
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