08 de abril de 2024 . 16:24
Pesquisa apura realidade do trabalho doméstico e de cuidados
Levantamento conjunto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Ministério da Igualdade Racial busca traçar um panorama abrangente dos trabalhos domésticos e de cuidados realizados no Brasil. A Pesquisa Nacional sobre Trabalho Doméstico e de Cuidados quer identificar e compreender o perfil dos profissionais envolvidos no setor para formular políticas públicas que melhorem suas condições de trabalho.
O questionário da pesquisa está dividido em quatro blocos: informações gerais, características do trabalho, frequência e deslocamento e custos, além do trabalho realizado por meio de aplicativos ou plataformas digitais. Os dados apurados são essenciais para embasar políticas públicas direcionadas à melhoria das condições laborais dos profissionais do setor e ao aumento da qualidade dos serviços prestados.
Em artigo publicado na revista CartaCapital, a presidenta da AMATRA1, Daniela Muller, fala na desvalorização do trabalho de cuidados, especialmente aquele realizado por mulheres. Uma herança colonial que persiste até os dias atuais, observa a especialista.
Daniela Muller destaca que as mulheres que assumem atividades de cuidados estão expostas ao desamparo e à exploração utilitária. Ela contextualiza o cenário atual dentro de um histórico do Brasil Colônia, em que as mulheres, especialmente as não brancas, eram vistas como meros instrumentos de trabalho e exploração.
A partir da chegada dos colonizadores europeus, no século 16, mulheres indígenas e, posteriormente, africanas foram submetidas a abusos sexuais e a uma visão de inferioridade que as relegava ao papel de servir aos interesses dos opressores.
“É interessante notar que essa prática se fortaleceu no século 19, quando a adoção dos princípios liberais e a instituição da monarquia constitucional não significaram a valorização dos trabalhadores que exercem atividades de cuidado. Ao contrário, reforçou o uso utilizado desses corpos, através do racismo e da eugenia que persistiram mesmo após a abolição da escravatura”, destacou a presidenta no artigo.
A juíza do Trabalho Juliana Piza observa que a entrada em massa das mulheres no mercado de trabalho torna a questão mais complexa e cria uma cadeia de vulnerabilidades, especialmente para as mais pobres, muitas vezes desprovidas de proteção legal.
“Tradicionalmente, o trabalho de cuidado é essencialmente feminino em razão da divisão sexual do trabalho. Conhecer as especificidades do trabalho de cuidado, das necessidades de quem cuida e de quem é cuidado é crucial para que seja possível desenvolver e implantar políticas públicas e propor alterações legislativas”, comentou a magistrada ao observar a importância da pesquisa.
Para participar da pesquisa ou obter mais informações, os interessados podem acessar o questionário online disponível até 13 de junho ou entrar em contato pelo e-mail: pesquisa.cuidados@ipea.gov.br.
Foto: Imagem ilustrativa / Freepik.
Leia mais: Encontro no TRT reforça ação conjunta contra trabalho infantil
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O questionário da pesquisa está dividido em quatro blocos: informações gerais, características do trabalho, frequência e deslocamento e custos, além do trabalho realizado por meio de aplicativos ou plataformas digitais. Os dados apurados são essenciais para embasar políticas públicas direcionadas à melhoria das condições laborais dos profissionais do setor e ao aumento da qualidade dos serviços prestados.
Em artigo publicado na revista CartaCapital, a presidenta da AMATRA1, Daniela Muller, fala na desvalorização do trabalho de cuidados, especialmente aquele realizado por mulheres. Uma herança colonial que persiste até os dias atuais, observa a especialista.
Daniela Muller destaca que as mulheres que assumem atividades de cuidados estão expostas ao desamparo e à exploração utilitária. Ela contextualiza o cenário atual dentro de um histórico do Brasil Colônia, em que as mulheres, especialmente as não brancas, eram vistas como meros instrumentos de trabalho e exploração.
A partir da chegada dos colonizadores europeus, no século 16, mulheres indígenas e, posteriormente, africanas foram submetidas a abusos sexuais e a uma visão de inferioridade que as relegava ao papel de servir aos interesses dos opressores.
“É interessante notar que essa prática se fortaleceu no século 19, quando a adoção dos princípios liberais e a instituição da monarquia constitucional não significaram a valorização dos trabalhadores que exercem atividades de cuidado. Ao contrário, reforçou o uso utilizado desses corpos, através do racismo e da eugenia que persistiram mesmo após a abolição da escravatura”, destacou a presidenta no artigo.
A juíza do Trabalho Juliana Piza observa que a entrada em massa das mulheres no mercado de trabalho torna a questão mais complexa e cria uma cadeia de vulnerabilidades, especialmente para as mais pobres, muitas vezes desprovidas de proteção legal.
“Tradicionalmente, o trabalho de cuidado é essencialmente feminino em razão da divisão sexual do trabalho. Conhecer as especificidades do trabalho de cuidado, das necessidades de quem cuida e de quem é cuidado é crucial para que seja possível desenvolver e implantar políticas públicas e propor alterações legislativas”, comentou a magistrada ao observar a importância da pesquisa.
Para participar da pesquisa ou obter mais informações, os interessados podem acessar o questionário online disponível até 13 de junho ou entrar em contato pelo e-mail: pesquisa.cuidados@ipea.gov.br.
Foto: Imagem ilustrativa / Freepik.
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