01 de dezembro de 2023 . 17:40

Preocupação social norteia a trajetória da presidenta Daniela Muller

A nova presidenta da AMATRA1, Daniela Valle da Rocha Muller, desde cedo manifestava interesse pelas questões sociais. Em razão dessa preocupação com a coletividade e os problemas da sociedade brasileira, decidiu seguir carreira no Direito, profissão dos pais, Arthur e Ana Muller.

“Sempre me interessei pelos assuntos da área social. Logo que me formei, fui trabalhar com direitos humanos em organização não governamental dedicada à proteção de crianças e adolescentes”, recorda a juíza do Trabalho, eleita e empossada nesta quinta-feira (30), com 213 votos, no pleito em que liderou a chapa “Valorização e Resistência”, única inscrita.

Formada pela Faculdade Nacional de Direito, com mestrado concluído no Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Daniela Muller exerceu a advocacia por cinco anos até ser aprovada, em 2000, como juíza do Trabalho no Distrito Federal. 

Como logo em seguida também passou em concurso no Rio, optou por continuar em sua cidade natal. Ela é carioca do bairro de Laranjeiras, na Zona Sul. Ingressou no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) em 2001, como juíza substituta. Em 2012, passou à condição de juíza titular. Nestes 11 anos, esteve à frente da 2ª Vara do Trabalho de Campos dos Goytacazes e, na cidade do Rio, da 1ª, 9ª e 49ª Varas, onde atua.

Daniela Muller, presidenta da AMATRA1.

Vocação confirmada em uma audiência da Justiça do Trabalho

Por curiosidade, foi ao assistir a uma audiência na Justiça do Trabalho que Daniela Muller se decidiu pelo Direito. No último ano do Ensino Médio do Colégio São Vicente de Paulo, estava contrariada com o resultado de um teste vocacional que havia lhe apontado o Direito como carreira. Numa tarde, foi encontrar a mãe, advogada trabalhista, e acabou assistindo a uma audiência de uma trabalhadora doméstica presidida pelo juiz José Nascimento, hoje desembargador e decano do TRT-1.

“Não queria que o resultado do teste vocacional fosse Direito. Mas aquela audiência foi inesquecível e me instigou a querer conhecer e a fazer Direito”, lembrou.

Na Justiça do Trabalho, a questão do trabalho escravo é de grande interesse para a presidenta da AMATRA1. Ela integra o Comitê Nacional do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas e de Proteção ao Trabalho do Migrante da Justiça do Trabalho, nomeada na semana passada pelo presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), Lélio Bentes Corrêa.

“O trabalho escravo é a minha área de pesquisa. A proteção da pessoa humana, a dignidade. Que o trabalho seja o rumo de uma vida digna”, afirmou.

Daniela Muller identifica que por volta de 2015 a questão do trabalho escravo voltou a incomodar com força o país. “Até então, o Brasil era referência em políticas públicas contra o trabalho escravo”, disse ela, que lista as principais evidências da prática escravagista no trabalho: ausência de água potável, comida insuficiente e de qualidade ruim, instalações físicas “horríveis” e risco iminente ao trabalhador.

À frente da AMATRA1, a juíza planeja dar continuidade aos projetos do antecessor, Ronaldo Callado, em cuja gestão ocupava a função de 2ª diretora cultural.

“O desafio macro é sempre reafirmar a importância da Justiça do Trabalho. Muito importante, também, manter o engajamento ao movimento de juízes que buscam a paridade em questões de gênero. Esta é uma questão histórica”, afirmou.

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