29 de fevereiro de 2024 . 11:36

Saiba mais sobre Anna Acker, primeira presidenta da AMATRA1

A desembargadora aposentada Anna Brito da Rocha Acker, figura emblemática da Justiça do Trabalho, é lembrada pela trajetória marcada por desafios e compromisso com os direitos sociais e a igualdade de gênero. Ela foi a primeira mulher a presidir a AMATRA1, em 1978.

O juiz André Villela descreve Anna Acker como essencial na história da Justiça do Trabalho no Brasil. Villela destaca a participação da juíza dela no primeiro concurso do Tribunal do Rio de Janeiro e o fato de ter sido uma das primeiras mulheres a ingressar na área trabalhista.

“É uma pessoa que conheceu a origem da nossa legislação trabalhista, da formalização do direito ao trabalho e da construção do Direito do Trabalho no Brasil.  É um nome que, para mim, quando penso em Direito do Trabalho, quando eu penso em Tribunal do Trabalho da 1ª Região, não tenho como não pensar em Anna Acker. Ela é uma pessoa fundamental”, disse o magistrado. 

Desde a juventude, a carioca Anna Acker enfrentou obstáculos. Mesmo assim, foi incansável e abnegada na defesa dos mais vulneráveis. Ela dedicou a vida à Justiça e aos direitos trabalhistas. Formada em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ingressou na magistratura do Trabalho em 1959, após anos de atuação como advogada. 

A jovem Anna se formando em Direito

Sua ascensão na carreira foi marcada por desafios e resistências, especialmente durante os anos sombrios da ditadura militar (1964-1985), quando enfrentou um processo de cassação por ser acusada de subversão em razão de suas convicções políticas.

Anna Acker não se deixou intimidar pelas pressões e continuou firme na defesa da liberdade  e da igualdade. Sua coragem e determinação a tornaram uma pessoa reconhecida na Justiça do Trabalho pela luta cotidiana em favor dos direitos sociais e da dignidade no trabalho.

Pioneira na promoção da igualdade de gênero, a desembargadora foi uma das  signatárias da ata de fundação da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), em 1976. Sua contribuição para a criação de espaços de diálogo e representação para as mulheres na magistratura foi fundamental na ampliação da  participação feminina em funções importantes e no movimento associativo.

Cassação e atuação política

Anna Acker enfrentou um período de turbulência na carreira devido às suas posições políticas, sendo alvo de uma tentativa de cassação por suposta subversão durante a ditadura. 

Em 1964, o presidente do TRT-1 na época propôs sua cassação. A ação foi arquivada por 7 votos a 2. O episódio marcou um momento desafiador em sua trajetória. A magistrada também deixou um legado significativo no desmembramento da 1ª Região, o que deu origem à 17ª Região em 1989.

Anna Acker e a Juíza do Trabalho Eliete Telles, na solenidade na Câmara Municipal do Rio de Janeiro / ANPT

Eliete Telles, juíza aposentada e uma das amigas de magistratura, relembrou com carinho os feitos de Anna Acker.

“Ela foi uma das mulheres mais importantes da magistratura brasileira por sua capacidade, competência e coragem de desafiar todos os erros e elementos em desacordo na Justiça. Desde sempre entendeu a importância do coletivo na luta por melhorias e conquistas”, afirmou.     

AMATRA1

A trajetória de Anna Acker na AMATRA1 é marcada pela participação ativa na luta pelos direitos e pela valorização da magistratura do Trabalho. Desde a fundação, em 1963, a Associação da 1ª Região foi espaço de diálogo e ação em defesa dos interesses da categoria. 

Anna Acker destacou-se como uma das pioneiras na inserção feminina nos espaços de poder, sendo eleita a primeira presidenta da associação em 1978. Sua liderança persistiu na redemocratização. Foi reconduzida ao cargo em 1985. 

“É sempre um desafio. Deu muito trabalho até porque nenhuma mulher havia sido presidente antes. Não havia tanta mulher assim no Judiciário”, afirmou a magistrada aposentada em entrevista à  revista ”No Mérito” em 2019.

Mesmo diante de desafios e obstáculos, seu legado permanece como fonte de inspiração para as gerações futuras de magistrados, que podem contar com sua experiência e determinação na busca por um Judiciário mais justo e igualitário.

Foto de capa: Anna Acker em 56º aniversário da AMATRA1

Leia mais: AMATRA1 participa de ato em defesa da Justiça do Trabalho

Estão abertas as inscrições no 21º Conamat, em Foz do Iguaçu

Brasil precisa garantir os direitos dos trabalhadores de aplicativos < VOLTAR