21 de novembro de 2019 . 14:02

Ofensas a mulheres na Carta Capital geram nota de repúdio da Anamatra

A Anamatra divulgou uma nota pública em repúdio a ofensas publicadas na matéria “Mulheres que envergonham as mulheres”, na revista Carta Capital. O texto faz observações misóginas e insulta personalidades em postos de poder, entre as quais a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e as juízas federais Carolina Lebbos e Gabriela Hardt.

A associação afirma que a matéria “reforça estereótipos de uma cultura machista, a qual não aceita as mulheres em espaços de poder” ao atacar as magistradas com “alusões pejorativas à aparência física, sexualidade e capacidade intelectual”. A entidade também destacou que desqualificar a magistrada por divergência sobre sua atuação profissional é uma “atitude discriminatória e sexista”.

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A Anamatra ressaltou ainda seu incentivo à participação de mulheres no Poder Judiciário e seu posicionamento contrário à discriminação sexista, se firmando em “defesa dos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, da defesa da independência do Poder Judiciário e da proteção dos Direitos Humanos”.

Leia a nota pública na íntegra:

1. A matéria veiculada na revista Carta Capital sob o título “Mulheres que envergonham as mulheres” traz ofensas de cunho misógino contra mulheres em postos de poder, dentre elas três magistradas.
2. Os comentários sobre as mulheres mencionadas na publicação estão totalmente desconectados de eventual crítica abarcada pela liberdade de expressão, esta sim essencial para a democracia. Discordar do teor das decisões judiciais é legítimo, assim como o é manifestar tal discordância. No entanto, atacar a pessoa da juíza, ou de qualquer outra mulher, com alusões pejorativas à aparência física, sexualidade e capacidade intelectual, reforça estereótipos de uma cultura machista, a qual não aceita as mulheres em espaços de poder.
3. Ademais, desqualificar a pessoa da magistrada como forma de expressar divergência em face de sua atuação jurisdicional constitui atitude discriminatória e sexista, que inferioriza a juíza por sua condição de mulher e não condiz com a sociedade livre, justa e solidária, que se objetiva construir.
4. A Anamatra incentiva a participação feminina no Poder Judiciário e repudia qualquer sorte de discriminação em relação às mulheres, principalmente nos postos de exercício do poder e tomada de decisão. Assim, permanecerá na defesa dos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, da defesa da independência do Poder Judiciário e da proteção dos Direitos Humanos. < VOLTAR