08 de maio de 2024 . 16:51

Filme ‘Pureza’ sensibilizou público e impactou Justiça do Trabalho, diz diretor

O diretor de cinema Renato Barbieri afirmou que seu filme Pureza" sensibilizou uma audiência ampla para a realidade da escravidão moderna, e teve um impacto no sistema de Justiça do Trabalho. Barbieri contou bastidores da produção do filme "Pureza", que retrata a luta de uma mãe contra o trabalho escravo contemporâneo na Amazônia brasileira, em entrevista para a AMATRA1. 

O longa, estrelado por Dira Paes, será exibido nesta quinta-feira (9), no evento “Assédio e Discriminação: o cativeiro contemporâneo”, no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal - Teatro Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, nº 230 - Centro). Barbieri participará de roda de conversa após a exibição. Os interessados podem se inscrever por meio do link.

O encontro é promovido pela AMATRA1, pelos Gestores Nacionais e Regionais do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante, pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (Ejud1).

“O filme ajudou a colocar o  tema em uma pauta permanente da imprensa. Permite às pessoas ter empatia pela luta, pela fome de Justiça de  Dona  Pureza,  pela  integridade  e legitimidade da sua luta. Uma  mãe  em  busca de um  filho é a coisa mais legítima do mundo”, conta o cineasta. Ele destaca como a produção impactou o sistema de Justiça do Trabalho ao ser exibido em Tribunais Regionais do Trabalho ao redor do país. 

“O filme tem sido  recebido  pelos  TRT’s  de  norte  a  sul.  Eu  tenho  observado,  em muitas  das  sessões,  que  o  filme, como  ele  foi  feito,  gera uma empatia do público com a Dona Pureza e com os trabalhadores. Então,  acho  que  os  juízes,  os  ministros,  quando  assistem ao filme, eles são tocados por uma história muito humana. E o cinema tem esse poder”, completou.

“Pureza” representa um marco pioneiro, como o primeiro longa-metragem de ficção a abordar o tema do trabalho escravo rural contemporâneo. Esta singularidade influenciou o processo de produção, marcado por 12 anos de intenso trabalho de desenvolvimento, pesquisa e elaboração do roteiro. 

Realizado de forma independente e sem recursos iniciais, o filme foi posteriormente financiado por políticas públicas de fomento ao cinema e por órgãos como o Ministério do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, representando a primeira alocação de recursos pelo sistema judiciário do trabalho para um filme de temática abolicionista na história do Brasil.

“O cinema de ficção tem a capacidade de botar você na cena do crime. O documentário é mais difícil, porque os crimes não são permitidos ser filmados. O ‘Pureza’ e o ‘Servidão’ (longa documental do diretor) vieram levar a Justiça para o centro da sociedade. Tomara que isso cresça cada vez mais, porque a Justiça tem um papel importantíssimo nesse país. É um país desigual, muito injusto. A Justiça está sendo reestruturada e estamos fazendo parte disso também, o cinema social de impacto”, afirmou Renato Barbieri. 

O diretor compartilhou planos de um projeto sobre trabalho escravo doméstico urbano para ampliar o alcance da conscientização sobre a escravidão contemporânea no Brasil.

“Pureza” denuncia o trabalho escravo no Brasil, inspirado na vida de Pureza Lopes Loyola. A história se passa nos anos 1990 e acompanha Pureza, interpretada por Dira Paes, que deixa sua casa no Maranhão em busca de seu filho Abel, interpretado por Matheus Abreu, que foi trabalhar no garimpo para proporcionar uma vida melhor para a família. Ao se empregar como cozinheira numa fazenda, a protagonista testemunha o tratamento violento e desumano dos trabalhadores, submetido a um sistema análogo à escravidão pelo fazendeiro. 

 Foto: Cartaz do filme/Divulgação.

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