31 de maio de 2021 . 14:00

Menino de 12 anos é encontrado em situação de trabalho infantil, em fazenda

Um menino de 12 anos foi encontrado trabalhando numa fazenda no Pará, em atividades classificadas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), durante ação de força-tarefa em propriedades rurais do estado. Localizado por representantes do Ministério Público do Trabalho PA-AP (MPT), da Polícia Federal (PF) e da Auditoria Fiscal do Trabalho, ele era ajudante de vaqueiro e atuava também em uma oficina mecânica. O adolescente vai receber R$ 10 mil a título de dano moral individual.

A força-tarefa foi realizada semana passada, entre os dias 24 a 27, em quatro municípios paraenses. “Segundo a lista TIP, são proibidos a menores de 18 anos atividades a céu aberto e trabalhos de manutenção, limpeza, lavagem e lubrificação de veículos”, afirmou a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Silvia Silva. 

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De acordo com o Decreto 6.481/2008, que ratificou a lista, a primeira função, por ser ao ar livre, expõe o menino à radiação solar, à chuva e ao frio, com risco de queimaduras na pele, desidratação, doenças respiratórias e até câncer de pele. Já a segunda, que o colocava em contato com produtos como desengraxantes, névoas ácidas e alcalinas, pode gerar dermatoses ocupacionais, encefalopatias e queimaduras, entre outros danos.

“Manter crianças e adolescentes trabalhando em atividades proibidas é uma grave violação de direitos humanos que compromete o futuro de seres em desenvolvimento”, completou Silvia.

O proprietário do estabelecimento firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), se comprometendo a afastar o garoto das atividades de manutenção, limpeza, lavagem ou lubrificação de veículos e das atividades desempenhadas a céu aberto e abster-se de manter empregados com menos de 18 anos em atividades classificadas na Lista TIP. Também vai pagar R$ 10 mil a título de dano moral individual e R$ 50 mil por danos morais coletivos.

Força-tarefa beneficiou trabalhadores

Apesar de não flagrar situações de trabalho análogo ao de escravizados nas quatro propriedades que fiscalizou, a força-tarefa constatou que alguns profissionais não tinham registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), não trabalhavam com equipamentos de proteção individual (EPIs), não tinham feito exames admissionais e ficavam em moradias inadequadas.

Na sexta-feira (28), a operação conseguiu firmar o TAC com dois empregadores, para melhorar as condições de trabalho. O pacto beneficiou 17 empregados. Além das determinações relacionadas ao menor, um dos empregadores deverá formalizar o vínculo empregatício com os trabalhadores não registrados no E-Social. 

Entre as obrigações do segundo proprietário a assinar o TAC, estão o fornecimento de água potável aos trabalhadores, o abastecimento do local com materiais de primeiros socorros e a disponibilização de instalações sanitárias nas frentes de trabalho.

Caso as obrigações sejam descumpridas pelos empregadores, serão requeridas multas na Justiça do Trabalho.

*Foto: Operação realizada em 2020. Divulgação/PF < VOLTAR