25 de novembro de 2019 . 12:48
‘Poesia e magistratura não são pólos opostos’, diz Cláudia Reina
Juíza do Trabalho há 23 anos, Cláudia Regina Reina Pinheiro também se dedica à arte de escrever. Integrante do grupo “Juízes Poetas”, a magistrada contribuiu para três livros — “Poesia”, “Tecendo a Magia” e “Pássaro Liberto” — e está prestes a lançar sua quarta obra. Para Cláudia, a escrita é um processo natural e não há grande esforço em conciliá-la à carreira profissional. “A poesia e a magistratura não são pólos tão opostos”, disse.
“A poesia está muito além das palavras que a materializam no papel. Aprender técnicas de escrita não transforma um homem em poeta. Em sentido amplo, podemos encontrar a poesia em qualquer lugar se tivermos sensibilidade para vivenciá-la: pode estar na história contada nos autos ou no olhar de um homem que procura o Poder Judiciário na tentativa de restaurar a sua dignidade; na sala de audiências e nos autos processuais.”
Ligada à literatura desde a infância, a juíza não vê a arte como válvula de escape. “As palavras surgem de experiências intensamente vivenciadas”, afirmou. Fotógrafa amadora, ela conta que sua escrita está fortemente ligada às imagens presenciadas e registradas.
Leia mais: Magistrados relatam experiências com o programa TJC
Anamatra apresenta emendas contra programa Verde Amarelo
Felipe Bernardes publica artigo sobre impacto da MP 905
“Normalmente, fotografo antes. Eddie Adams, um dos grandes mestres da fotografia, disse que ‘fotografias são as armas mais poderosas do mundo’. Elas denunciam a barbárie. Por outro lado, desvendam a beleza no meio do caos. Revelam as luzes e as sombras que envolvem a humanidade. No século da indiferença, ainda temos a arte como instrumento de resistência”, disse Cláudia.
Um de seus poemas, “Mãe África”, publicado em “Tecendo a Magia”, foi escrito durante a viagem de Cláudia à Tanzânia, país da costa oriental do continente africano, e inspirado na fotografia de uma mulher protegendo o filho no colo.
“A metáfora da Mãe África possui várias simbologias, entre elas a luta de um povo para preservar suas raízes. Na seca, no sol escaldante, rodeada de feras, com a pele impregnada de poeira, Mãe África dança para distrair a morte. Grande símbolo de luta e resistência”, explicou.
Cláudia Reina também contou que sua poesia “Pássaro Liberto” deu nome ao terceiro livro do grupo. “É uma coletânea em homenagem a Paulo Merçon, poeta, músico, fotógrafo e juiz do Trabalho, falecido em 2014. O poema é dedicado ao Paulo e ao grande dramaturgo Henrik Ibsen”, disse.
Leia o poema “Mãe África” na íntegra:
Teus olhos sorvem
o calor das savanas.
Velam, à sombra de Deuses,
os filhos abandonados
no berçário
desta terra bruta.
Nas areias quentes
das estepes ressequidas,
danças para distrair a morte.
Tu bem sabes:
as feras estão
de guarda.
És o centro de uma
aquarela seca,
a mais antiga
das mulheres.
Tu cantas
todos os prantos
de todas as mães.
Tu carregas
todas as dores
de todos os partos.
Bendito é o teu ventre.
Leia o poema “Pássaro Liberto” na íntegra:
Livre bem livre
Sem prisão
nem teto
voo
flutuo ao vento
pássaro liberto.
Livre bem livre
Sem prisão
nem teto
corto os ares
atravesso o mundo
pássaro inquieto.
Livre bem livre
Sem prisão
Nem teto.
*Fotos: Cláudia Reina < VOLTAR
“A poesia está muito além das palavras que a materializam no papel. Aprender técnicas de escrita não transforma um homem em poeta. Em sentido amplo, podemos encontrar a poesia em qualquer lugar se tivermos sensibilidade para vivenciá-la: pode estar na história contada nos autos ou no olhar de um homem que procura o Poder Judiciário na tentativa de restaurar a sua dignidade; na sala de audiências e nos autos processuais.”
Ligada à literatura desde a infância, a juíza não vê a arte como válvula de escape. “As palavras surgem de experiências intensamente vivenciadas”, afirmou. Fotógrafa amadora, ela conta que sua escrita está fortemente ligada às imagens presenciadas e registradas.
Leia mais: Magistrados relatam experiências com o programa TJC
Anamatra apresenta emendas contra programa Verde Amarelo
Felipe Bernardes publica artigo sobre impacto da MP 905
“Normalmente, fotografo antes. Eddie Adams, um dos grandes mestres da fotografia, disse que ‘fotografias são as armas mais poderosas do mundo’. Elas denunciam a barbárie. Por outro lado, desvendam a beleza no meio do caos. Revelam as luzes e as sombras que envolvem a humanidade. No século da indiferença, ainda temos a arte como instrumento de resistência”, disse Cláudia.
Um de seus poemas, “Mãe África”, publicado em “Tecendo a Magia”, foi escrito durante a viagem de Cláudia à Tanzânia, país da costa oriental do continente africano, e inspirado na fotografia de uma mulher protegendo o filho no colo.
“A metáfora da Mãe África possui várias simbologias, entre elas a luta de um povo para preservar suas raízes. Na seca, no sol escaldante, rodeada de feras, com a pele impregnada de poeira, Mãe África dança para distrair a morte. Grande símbolo de luta e resistência”, explicou.
Cláudia Reina também contou que sua poesia “Pássaro Liberto” deu nome ao terceiro livro do grupo. “É uma coletânea em homenagem a Paulo Merçon, poeta, músico, fotógrafo e juiz do Trabalho, falecido em 2014. O poema é dedicado ao Paulo e ao grande dramaturgo Henrik Ibsen”, disse.
Leia o poema “Mãe África” na íntegra:
Teus olhos sorvem
o calor das savanas.
Velam, à sombra de Deuses,
os filhos abandonados
no berçário
desta terra bruta.
Nas areias quentes
das estepes ressequidas,
danças para distrair a morte.
Tu bem sabes:
as feras estão
de guarda.
És o centro de uma
aquarela seca,
a mais antiga
das mulheres.
Tu cantas
todos os prantos
de todas as mães.
Tu carregas
todas as dores
de todos os partos.
Bendito é o teu ventre.
Leia o poema “Pássaro Liberto” na íntegra:
Livre bem livre
Sem prisão
nem teto
voo
flutuo ao vento
pássaro liberto.
Livre bem livre
Sem prisão
nem teto
corto os ares
atravesso o mundo
pássaro inquieto.
Livre bem livre
Sem prisão
Nem teto.
*Fotos: Cláudia Reina < VOLTAR
- Últimas notícias
- 18 de abril de 2024 . 15:48Presidenta em exercício contrapõe fala de corregedor sobre o 1º grau
- 17 de abril de 2024 . 15:48SP promove primeira desembargadora por paridade de gênero no país
- 16 de abril de 2024 . 15:27TRT premia magistrados por êxito na Semana de Execução Trabalhista
- 15 de abril de 2024 . 15:48TRT-1 destaca eficiência do 1ª grau frente à demanda processual
- 12 de abril de 2024 . 16:25Associadas representam TRT em Encontro de Magistrados e Servidores
- mais lidas
- 27 de maio de 2020 . 16:31Alvará eletrônico dá celeridade à liberação de valores de contas judiciais
- 11 de setembro de 2019 . 18:01Desigualdade social no Brasil é abordada em documentário da Folha de S.Paulo
- 19 de março de 2020 . 13:03Coronavírus: Juiz Marcelo Segal responde 10 dúvidas sobre questões trabalhistas
- 17 de junho de 2019 . 15:19TRT-1: Obrigar empregado a pagar custas se faltar à audiência é inconstitucional
- 30 de março de 2020 . 14:55TRT-1 expede mais de 7 mil alvarás e paga R$ 57 milhões, de 17 a 26 de março