27 de fevereiro de 2024 . 15:35

Brasileiras gastam 25 horas semanais com trabalhos domésticos

No ambiente doméstico, as mulheres desempenham a tarefa de cuidar da casa, dos filhos, idosos e doentes. Embora fundamental, esse trabalho é invisível e desvalorizado. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que as brasileiras dedicam até 25 horas por semana a afazeres domésticos e cuidados, em contraste com 11 horas dos homens.

O trabalho de cuidado feminino não é contabilizado no Produto Interno Bruto  (PIB), apesar de poder adicionar até 13% à soma de serviços e bens produzidos no país, conforme estimativas do Ibre.

A desembargadora Giselle Bondim afirma que é conveniente para o sistema capitalista subestimar e não valorizar o trabalho de cuidado. Isso, acrescenta a magistrada, normaliza a ideia de que o serviço deva ser gratuito ou, no caso das empregadas domésticas, faxineiras e trabalhadoras da saúde, mal remunerado.

“O papel do Judiciário é sempre levar essa realidade em consideração nos seus julgamentos e em suas políticas, evitando uma sobreposição de discriminações. Cabe ao Judiciário, pois, tornar visível esse trabalho e reconhecer seu valor para a sociedade”, disse a desembargadora.

O desequilíbrio não é exclusivo do Brasil. Em países desenvolvidos como Noruega e Suécia, mesmo com mais igualdade de gênero, as mulheres continuam realizando mais trabalhos não remunerados do que os homens. 

Estudo recente revela que as mulheres contribuem com mais de três quartos do trabalho de cuidado não remunerado, totalizando 12,5 bilhões de horas diárias em todo o mundo. Os dados são da Oxfam International, confederação que atua em 90 países e se dedica a atividades para a erradicação da miséria, pobreza e injustiça.

O impacto da sobrecarga de trabalho não remunerado na saúde das mulheres é significativo. Ações cotidianas, como cozinhar, limpar e carregar objetos pesados, podem levar a problemas físicos, enquanto o estresse emocional decorrente da falta de descanso e do envolvimento cognitivo geram ansiedade, depressão e esgotamento. 

Pesquisa da organização não-governamental Think Olga mostra que 22% das mulheres se sentem sobrecarregadas com o trabalho doméstico. A proporção é ainda maior entre as que têm de 36 a 55 anos e pertencem a grupos étnico-raciais marginalizados.

A redistribuição equitativa do trabalho de cuidado e o reconhecimento de seu valor econômico e social são essenciais para promover a igualdade de gênero e o bem-estar das mulheres.

Políticas que apoiem a divisão igualitária do trabalho doméstico e ofereçam suporte financeiro e emocional às cuidadoras são necessárias para enfrentar os desafios atuais e construir um futuro mais justo e sustentável.

Dia Internacional das Mulheres

Em 8 de março, o mundo celebra o Dia Internacional das Mulheres. A data teve origem no movimento operário em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam em Nova York por melhores condições de trabalho. A data internacional foi celebrada pela primeira vez em 1911 na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. 

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, a data é uma ocasião para saudar os avanços das mulheres e aumentar a conscientização sobre a desigualdade de gênero.

Com informações da Forbes Brasil - Foto: Imagem ilustrativa / Freepik.

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