11 de julho de 2022 . 13:33

Paraguaios eram submetidos a trabalho escravo em Duque de Caxias

Trabalhadores foram resgatados de condições análogas às de escravizados em uma fábrica clandestina de cigarros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na sexta-feira (8). No local, 23 paraguaios e um brasileiro foram explorados por três meses, sem poderem sair ou ter contato com a família. Jornadas extenuantes, privação de liberdade e insalubridade do local foram relatadas pelo grupo. A operação foi feita pelo Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DCOC), pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e por auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro.

Os homens afirmaram às autoridades que foram contratados por um salário mensal de R$ 3,5 mil, mas nunca receberam o valor – foram pagos apenas R$ 500 a alguns empregados. De acordo com um dos trabalhadores, ele precisou pagar a própria passagem de ônibus até a cidade de São Paulo, onde pegou uma van para a fábrica, junto com outros empregados.

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De acordo com os depoimentos, os integrantes do grupo tiveram os celulares recolhidos e foram vendados no veículo. Os empregadores permitiram a retirada das vendas apenas após a entrada no galpão, quando informaram que o local ficaria fechado e era proibido sair. Entre as escalas de trabalho, alguns homens precisavam atuar de 19h às 7h, em ambiente quente, o que demonstra as jornadas extenuantes e degradantes às quais eram submetidos. 

A polícia ainda investiga quem são os responsáveis pela fábrica. No sábado (9), as autoridades retiraram o maquinário do galpão, e os trabalhadores foram até o local para pegar seus pertences. Eles serão levados de volta para casa, com passagens pagas pelo Consulado do Paraguai no Rio de Janeiro.

Ao RJTV, a procuradora do Trabalho Guadalupe Louro Turos Couto, do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), afirmou que a entidade vai atuar no caso, para garantir que os trabalhadores recebam os direitos negados pelos empregadores, além de indenização.

“O Ministério Público do Trabalho vai exigir o pagamento de todos os direitos trabalhistas não honrados durante todo esse período e também uma indenização por dano moral causado, sofrido, por toda essa situação neste trabalho de análogo de escravo”, disse.

*Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal < VOLTAR