31 de agosto de 2020 . 16:23
Racismo estrutural é abordado na live sobre o filme ‘American Son’
A juíza do Trabalho Márcia Regina Leal e a professora de Literatura Carla Ferreira conversaram sobre as formas de racismo tratadas no filme “American Son”, na live cultural da AMATRA1, na sexta-feira (28). A mediação foi do juiz do Trabalho Guilherme da Silva Gonçalves Cerqueira. O evento foi transmitido pelo canal da associação no YouTube e pelo Facebook.
A obra mostra o desaparecimento de um jovem negro, Jamal, filho de um ex-casal inter-racial. Enquanto esperam notícias do filho na delegacia, Kendra (Kerry Washington), uma mulher negra, e Scott (Steven Pasquale), um homem branco, vivenciam diferentes tipos de discriminações.
O tema central do filme é o racismo estrutural, afirmou Carla Ferreira. “E, também, a condição da mulher negra, que vai além do racismo estrutural, entrando, então, o machismo e as relações de trabalho também. A grande estrela do filme é o Jamal, o menino que nunca aparece.”
O magistrado Guilherme Cerqueira ressaltou que o tema está latente, e vem sendo debatido de forma diferente atualmente. “Estamos vendo, mesmo na pandemia, o que aconteceu depois da morte do George Floyd por um policial branco, nos EUA. Como a sociedade tem reagido e, por outro lado, como ainda há dificuldade de percepção dessa questão”, disse.
Leia mais: Juíza e advogada falam da experiência com audiências telepresenciais
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Segundo Márcia, a produção baseada em peça homônima da Broadway trata o racismo de forma crua e forte, principalmente para quem vivencia a prática no dia a dia. “As palavras são muito duras e revemos ali situações com as quais estamos convivendo há tantos anos e que, muitas vezes, nem tivemos a oportunidade de contestar.”
A professora destacou que o tratamento racista recebido por Kendra é evidenciado já no início, quando ela entra na delegacia e é recepcionada pelo policial.
“A primeira cena é muito intrigante porque parece que ela está na sala de casa. Depois, dá para perceber que ela está em uma delegacia. Isso gera a sensação de que o lugar do negro é na cadeia. O policial tenta estereotipar o Jamal, perguntando como é o cabelo, se ele tem alguma marca de nascença. Kendra vai se irritando, mas sabe que não pode se exaltar porque ali é um lugar de perigo para o negro”, afirmou.
A ausência física do personagem Jamal e a invisibilidade do jovem negro também foram abordadas por Márcia. “O personagem do Jamal é pouco descrito e nós é que vamos construindo, a partir do estereótipo que nós também fazemos. É tão estrutural e está tão interiorizado que nos convencemos que realmente esse é o estereótipo. É um paradigma que precisamos quebrar definitivamente”, disse a juíza.
Uma saída para enfrentar as questões apontadas no filme, de acordo com Carla, é se questionar diariamente, desconstruindo os conceitos internalizados. “Devemos nos perguntar o quanto somos racistas e o que estamos fazendo de antirracista, todos os dias.”
As desigualdades nas relações de trabalho, evidenciada no filme pelo personagem do superintendente, a sexualização da mulher negra e os estereótipos do “negro recreativo” e do “negro americano” também foram debatidos na live.
Veja a íntegra da live cultural sobre o filme “American Son”:
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A obra mostra o desaparecimento de um jovem negro, Jamal, filho de um ex-casal inter-racial. Enquanto esperam notícias do filho na delegacia, Kendra (Kerry Washington), uma mulher negra, e Scott (Steven Pasquale), um homem branco, vivenciam diferentes tipos de discriminações.
O tema central do filme é o racismo estrutural, afirmou Carla Ferreira. “E, também, a condição da mulher negra, que vai além do racismo estrutural, entrando, então, o machismo e as relações de trabalho também. A grande estrela do filme é o Jamal, o menino que nunca aparece.”
O magistrado Guilherme Cerqueira ressaltou que o tema está latente, e vem sendo debatido de forma diferente atualmente. “Estamos vendo, mesmo na pandemia, o que aconteceu depois da morte do George Floyd por um policial branco, nos EUA. Como a sociedade tem reagido e, por outro lado, como ainda há dificuldade de percepção dessa questão”, disse.
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Segundo Márcia, a produção baseada em peça homônima da Broadway trata o racismo de forma crua e forte, principalmente para quem vivencia a prática no dia a dia. “As palavras são muito duras e revemos ali situações com as quais estamos convivendo há tantos anos e que, muitas vezes, nem tivemos a oportunidade de contestar.”
A professora destacou que o tratamento racista recebido por Kendra é evidenciado já no início, quando ela entra na delegacia e é recepcionada pelo policial.
“A primeira cena é muito intrigante porque parece que ela está na sala de casa. Depois, dá para perceber que ela está em uma delegacia. Isso gera a sensação de que o lugar do negro é na cadeia. O policial tenta estereotipar o Jamal, perguntando como é o cabelo, se ele tem alguma marca de nascença. Kendra vai se irritando, mas sabe que não pode se exaltar porque ali é um lugar de perigo para o negro”, afirmou.
A ausência física do personagem Jamal e a invisibilidade do jovem negro também foram abordadas por Márcia. “O personagem do Jamal é pouco descrito e nós é que vamos construindo, a partir do estereótipo que nós também fazemos. É tão estrutural e está tão interiorizado que nos convencemos que realmente esse é o estereótipo. É um paradigma que precisamos quebrar definitivamente”, disse a juíza.
Uma saída para enfrentar as questões apontadas no filme, de acordo com Carla, é se questionar diariamente, desconstruindo os conceitos internalizados. “Devemos nos perguntar o quanto somos racistas e o que estamos fazendo de antirracista, todos os dias.”
As desigualdades nas relações de trabalho, evidenciada no filme pelo personagem do superintendente, a sexualização da mulher negra e os estereótipos do “negro recreativo” e do “negro americano” também foram debatidos na live.
Veja a íntegra da live cultural sobre o filme “American Son”:
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